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12/07/2021

Quem somos, de onde viemos?

 

Com a Genealogia, além da construção dos registros históricos familiares, passa-se a conhecer dados da formação social, descobrindo quem somos e o papel que cada um desempenha na sociedade. Por meio dela se obtém até mesmo conhecimentos históricos no desenvolvimento de uma cidade, de uma região. Nesta matéria, Ledir Marques Pedrosa aborda aspectos relacionados a esta ciência e faz um convite às famílias
sul-mato-grossenses.

 

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GENEALOGIA

 

Quem somos, de onde viemos

Ledir Marques Pedrosa*

 

Laços de família

Sabendo que a Genealogia é a ciência que estuda a evolução das gerações, continuo com o meu slogan: falar de Genealogia é espetacular e prazeroso. Fazer Genealogia é cruzar matas, rios, fronteiras e mares, em busca de um DNA.

O prazer pela Genealogia se desperta com o desejo de encontrar as origens e descendência de uma família, das pessoas que a compõem e das suas próprias constituições, chegando na individualidade de cada um. Portanto, a Genealogia nada mais é do que, o estudo e a busca de dados para chegar aos seus ancestrais e preservar as histórias dos mesmos.

Com a Genealogia monta-se uma árvore genealógica, que é a representação dos ancestrais, traçada em um mapa familiar. Com ela consegue-se também identificar as pessoas, descobrindo as relações de parentescos e unindo-se aos seus familiares, retomando assim os laços de família e comprovando a ancestralidade da mesma.

Essa árvore genealógica tanto pode ser montada de forma ascendente como descendente. A ascendente é a árvore que se inicia a partir da pessoa presente e vai retrocedendo, pais, avós, bisavós, trisavós e assim por diante até chegar no antepassado mais antigo desejado. A árvore descendente parte do nascimento de uma pessoa, ou seja, do início de uma família, do seu ancestral de cujo conhecimento já é sabido e acompanha a evolução da sua posteridade, filhos, netos, bisnetos, trinetos (comum chamar de tataranetos), tetranetos etc. Tanto na Genealogia ascendente, como na descendente, sempre se busca uma conexão, estabelecendo uma sequência das gerações, com a ordem cronológica das pessoas. Portanto a Genealogia é a responsável pela identificação biológica dos elementos desta árvore.

 

Busca do passado

Muitas vezes na identificação biológica se descobre que as aparências também enganam. Pessoas que, pelos seus traços físicos, julgavam-se descendentes de africanos e, no entanto, podem ser descendentes de europeus e vice-versa.

Na sociedade uma pessoa podia e pode desfrutar de uma situação privilegiada ao descender de pessoas com prestígio, personagens ilustres, mas com muita frequência também acontece o seu reverso. Toda família em busca de seu passado pode encontrar reis e escravos, bem como pessoas notáveis e pessoas ligadas a crimes e assim se constitui a composição de uma sociedade, onde a Genealogia é única.

A Genealogia pode ser feita somente por uma linha direta de seus antepassados, tanto do lado materno ou exclusivamente do paterno, sendo então a escolher paterno-materno, paterno-paterno, materno-paterno e materno-materno. Ou, preferindo um trabalho mais completo, faz-se de ambos os lados simultaneamente.

A Genealogia leva ao conhecimento de que um filho tem dois pais, quatro avós, oito bisavós, dezesseis trisavós, trinta e dois tetravós, sessenta e quatro pentavós, cento e vinte e oito hexavós, duzentos e cinquenta e seis heptavós, quinhentos e doze octavós, um mil e vinte e quatro eneavós, dois mil e quarenta e oito decavós e assim sucessivamente, concluindo que, a cada geração que fica para trás, sempre calcula o dobro de antepassados. Como exemplo, contando a partir dos pais, ao chegar em um total de onze gerações unidecavós (11o.s avós), serão contabilizados 4.094 ancestrais, mais os pais (2), então 4.096 pessoas.

Existem divergências em quantos anos separam uma geração da outra. Em tempos passados estimava-se que uma geração (espaço de tempo entre o nascimento do pai para o filho) poderia ter de 20 a 25 anos para os homens e de 15 a 20 anos para as mulheres. Não confundir aqui a evolução e a maneira de pensar ou de agir das gerações X,Y e Z que são bem menores.

A construção de uma Genealogia pode ser feita por fontes diversas. Para assegurar uma maior veracidade dos dados, devem ser consideradas como fontes mais seguras, as de cartórios civis ou judiciários, onde fornecem as certidões de nascimentos, casamentos, óbitos, divórcios, contratos, distratos e outros atos legais, assim como os arquivos judiciais e arquivos públicos. Outra grande fonte de pesquisa são as igrejas, onde até 1870 tinham todos os poderes para tais registros. Ali eram e continuam sendo registrados todos os batistérios. Outros complementos são as correspondências com suas origens e destinos; as fotografias com as respectivas dedicatórias; os manuscritos; as bibliografias históricas; lápides; os arquivos militares; arquivos familiares; documentários de imprensa etc. As documentações de posses eram as mais conservadas, devido aos cuidados em mantê-las cuidadosamente, para não perdê-las.

 

Pesquisas e relatos

Para uma pesquisa genealógica é necessário muita paciência, enorme dedicação e um trabalho com muita seriedade. Ela deve ser montada através de pesquisas documentais, levando-se em conta também os relatos feitos pela tradição oral. Esses relatos de boca a boca, atualmente estão se perdendo devido à grande quantidade de gerações passadas que, muitas delas, ficaram sem registros.

Tanto na Europa, como em outros continentes, não é segura a sequência de gerações dos descendentes europeus, pela imensa lacuna de registros entre a Antiguidade e a Idade Média (476-1453). Nesse período houve muita destruição de documentos religiosos e também por motivo das guerras. Devido ao verdadeiro caos político e religioso durante os séculos XVI e XVII, encontravam-se muitas dificuldades para os registros.

Atualmente ainda são inúmeras as dificuldades para montar uma Genealogia mais precisa. Vários fatores contribuem para isso. Um deles é a inexistência de sobrenomes (forma de diferenciar um nome) em vários países, antes da Idade Moderna. Outros fatores que fazem parte dessas dificuldades são os homônimos, assim como os sobrenomes usados de acordo com a cidade em que viviam, o lugar de origem, a profissão do pai, os apelidos etc.

Os eruditos ultrapassaram essas barreiras. Foram além, fazendo os registros conhecidos até o século XIX dos personagens da Antiguidade Clássica do Ocidente, onde foi possível a definição da Genealogia de muitas famílias da Grécia e de Roma Antiga. Mesmo assim, ainda existem dificuldades para fazer ligações com as famílias modernas.

Em uma relação secreta ou onde existe o fruto de um adultério, as informações são mais complicadas, obtendo assim uma distorção na Genealogia, ou no próprio DNA.

 

Parentes, afins e relevantes

Em Genealogia existem três maneiras para se classificar o nível de parentesco de uma pessoa: os parentes, os afins e os relevantes.

Parentesco – o vínculo, que aproxima os indivíduos entre si, suas gerações e descendências. Único consanguíneo.

Afinidade – o vínculo que une um sujeito aos parentes de seu cônjuge. Se constitui através de união. Por exemplo: sogro, sogra, genro, nora, enteado, enteada, madrasta e padrasto são parentes afins em primeiro grau em linha reta. Quando há a dissolução dessa união, não existirá a figura do ex, ou seja ex-sogro(a) etc. Já na linha de segundo grau colateral estão os cunhados(as), que deixam de existir com a dissolução do casamento, portanto não existe ex-cunhado(a).

Relevância – o vínculo que une um sujeito a todas as pessoas que, embora não sendo nem parentes nem relacionadas, são genealogicamente ligadas.

Atualmente devido à tecnologia, existe uma farta facilidade para a construção de uma Genealogia. Isso a fez bastante popular, tornando-se um assunto que requer muitos cuidados devido à comercialização de dados que muitas vezes não são precisos.

A Genealogia deixou de ser uma Ciência auxiliar da História, para tornar-se uma parte dessa mesma História, porque além da construção dos registros históricos familiares, passa-se a conhecer dados da formação social, descobrindo quem somos e o papel que cada um desempenha nesta sociedade. Por meio dela se obtém até mesmo os conhecimentos históricos no desenvolvimento de uma cidade, de uma determinada região e outros.

Diversos escritores e historiadores sul-mato-grossenses escreveram sobre o povoamento de Mato Grosso uno, onde em pesquisa genealógica há uma verdadeira miscigenação das famílias pioneiras – Alves, Garcia, Nogueira, Tosta, Leal, Coelho, Barbosa, Faustino e outras ­– oriundas dos troncos dos primeiros povoadores, vindas principalmente para a região do Sucuriú, conhecida como “Sertão dos Garcias”. Muitas delas permaneceram por lá e outras vieram para a região da Vacaria.

Como uma mera autodidata na Genealogia, já dei um passo inicial, com livros escritos sobre os feitos e a Genealogia dos Barbosas em nosso estado. O último: Os Barbosas no Sul de Mato Grosso, com 432 páginas. Ainda falta muito a pesquisar e a complementar.

Um convite às famílias sul-mato-grossenses: comece cada uma, a história de sua vida, de sua família e monte a sua Genealogia. Se cada família em tempo hábil, conseguir elaborar pelo menos três ou quatro gerações, em breve teremos grandes histórias e com certeza estarão ligando uma família a outras várias.

 

* Ledir Marques Pedrosa é escritora. Com atuação na área social, suas pesquisas têm a Genealogia como foco principal. Membro da Academia Feminina de Letras e Artes de MS (cadeira 26). Associada efetiva do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (cadeira 18 - patrono: José Barbosa Rodrigues).

 

 

 

 

 

Autor: Ledir Marques Pedrosa

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