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30/05/2022

Jornal do Comércio - fonte histórica

Na próxima quarta-feira, 01 de junho, comemora-se o Dia Nacional da Imprensa, data de circulação do Correio Brazilienze, primeiro periódico brasileiro a exercer atividade jornalística e formar opinião pública no país. Em Campo Grande, o Jornal do Comércio, editado na primeira metade do século passado, também teve papel relevante no sul do antigo Mato Grosso. Nesta página, algumas informações sobre a publicação disponível para consultas on-line no site do IHGMS.

 

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DIA DA IMPRENSA

 

Jornal do Comércio: fonte histórica

 

Da hemeroteca do IHGMS*

 

Até 1999 o Dia Nacional da Imprensa era comemorado em 10 de setembro, data da circulação da Gazeta do Rio de Janeiro – primeira publicação oficial brasileira – criada em 1808 para imprimir documentos oficiais do governo, cartazes e panfletos. Nela não era permitida a impressão de conteúdos adversos à religião, ao governo e aos bons costumes da época.

Pela lei 9.831 de 1999, sancionada pelo governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, a data passou a ser comemorada em 01 de junho, dia da circulação da primeira edição do Correio Brazilienze também no ano de 1808. Criado pelo jornalista Hipólito José da Costa, era impresso mensalmente em Londres e, de fato, foi o primeiro jornal a exercer uma atividade jornalística e formar opinião pública no Brasil. Por isso, desde 1999, o Dia Nacional da Imprensa passou a ser comemorado nesta data.

Em Campo Grande, o Jornal do Comércio, mesmo passando por mudanças em sua administração e proposta editorial, sobreviveu por mais de quatro décadas. Na resenha a seguir, um pouco mais da história desta publicação disponível para consulta no site do Instituto Histórico e Geográfico de MS.

 

Coleção digitalizada

Fundado pelo advogado, Jayme Ferreira de Vasconcelos em 13 de abril de 1921, o Jornal do Comércio propunha-se a ser um “órgão dedicado exclusivamente aos interesses legítimos do comércio e das classes produtoras”. Iniciou sua trajetória como semanário e, em 14 de abril de 1927 tornou-se diário.

Foi “empastelado” em 1930, por elementos mais exaltados quando da vitória da Revolução. Com o serenar dos ânimos e as garantias que lhe deu o general Newton Cavalcanti, voltou a circular normalmente chegando a ser o único jornal diário de toda região Sul de Mato Grosso.

A metodologia adotada para a apresentação digitalizada da coleção depositada na hemeroteca do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul seguiu os seguintes critérios: o Jornal do Comércio foi fundado em abril e o ano que consta no cabeçalho dos exemplares muda neste mês, por exemplo – 13 de abril de 1921 a 12 de abril de 1922 – ano I, e assim sucessivamente. A coleção foi dividida por ano, mês e data, em escala crescente. De alguns exemplares não foi possível extrair mais informações dado seu estado de deterioração e esfacelamento do papel. Nesse quebra-cabeça, procuramos obter uma imagem, ainda que recortada, com informações que podem interessar ao pesquisador.

A coleção do Jornal do Comércio iniciou-se com doações, como a do advogado Fernando Peralta, amigo de Jayme Vasconcelos, que após seu falecimento recebeu da viúva do mesmo um grande número de exemplares. Sem saber o que fazer com os jornais e consciente da importância dos mesmos para a pesquisa doou para o IHGMS. Juntou-se a essa coleção exemplares avulsos que vieram em acervos pessoais como os de Paulo Coelho Machado, Francisco Leal de Queiróz entre outros e a doação de cópias em duplicidade do Arquivo Público de Campo Grande (ARCA).

O material depositado no ARCA foi doado pelo Sr. Carlos Henrique dos Santos Pereira, filho do tabelião Waldir dos Santos Pereira, que guardava os diários por conta da publicação dos editais de proclamas. Alguns exemplares constam de apenas uma folha e com lápis vermelho ou azul eram grifados os proclamas, outros com caneta tinteiro e, com o passar do tempo estas causaram corrosão na marcação. Ainda é possível verificar a assinatura do tabelião em vários exemplares.

Um a um, os jornais foram higienizados, protegidos em pastas contra a exposição à luz e a umidade, dispostos em ordem cronológica, digitalizados e catalogados. Hoje estão à disposição para consulta no site www.ihgms.org.br.

 

Redatores do Jornal do Comércio

Jayme Ferreira de Vasconcelos (foi presidente da Associação de Imprensa Mato-Grossense, da Associação Brasileira de Imprensa e Membro da Academia Mato-Grossense de Letras), Sabino Costa, J. R. de Sá Carvalho, Jorge Bodstein Filho, Antonio Knippell, Deusdedit de Carvalho, Antonio Moreyra, Samuel Pires de Oliveira.

Cronistas de renome usaram as páginas do Jornal do Comércio para registrar suas impressões sobre a cidade, o estado, país e a situação mundial, conforme o período: Enéias Ferraz, J. R. de Sá Carvalho, Severino de Queiróz, Belizário Lima, J. Barbosa Rodrigues, Dauto de Almeida Santiago, Francisco Escobar Filho (ex-redator dos Diários Associados).

A partir de 1961, no cabeçalho aparece: Jayme de Vasconcelos, fundador; Diretor e Proprietário, Antonio M. Chaves e muda seu slogan para “Diário vespertino noticioso e independente”, filiado à Sociedade Interamericana de Imprensa.

Já de propriedade dos padres Salesianos, o Jornal do Comércio, em uma mudança visível na pauta, passa a ter entre seus colaboradores o padre Félix Zavataro e o frei Tobias Sananduva, entre outros religiosos. Com o slogan “Órgão de maior penetração em todo o Estado de Mato Grosso” assume caráter mais apropriado às restrições impostas pela Lei de Imprensa, informando o necessário do cotidiano, fazendo propaganda contra o comunismo e, claro, não se esquecendo das receitas de bolos e outros quitutes...

 

* Resenha elaborada por Maria Madalena Dib Mereb Greco. Historiadora, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de MS (cadeira 34 – patrono: Guido Boggiani).

 

Fotos: Reprodução

 

 

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Organizada em ordem cronológica e digitalizada, a coleção do Jornal do Comércio está disponível para consultas no site do IHGMS. Nas imagens, Maria Madalena Greco no trabalho de catalogação dos exemplares e capas de edições dos anos 1929, 1963, 1965 e 1967.

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Você sabia?

 

O que é corixo? Corixo é o curso de água de dimensões e intensidade de vazão variadas, podendo ser um brejo, canal, ou um curso de água sazonal. A origem de um corixo está relacionada ao período após as cheias ou vazantes. A palavra é muito utilizada no Pantanal sul-mato-grossense onde os corixos são formados quando sangram os rios para a planície pantaneira, contribuindo para o “enchimento” da região, cuja direção é a mesma que a do rio de onde sangrou. O corixo pode aparecer com as seguintes denominações: corixa, corixe e corixão.

 

Quais as principais bacias hidrográficas de Mato Grosso do Sul? As duas principais bacias hidrográficas de Mato Grosso do Sul são as dos rios Paraguai e Paraná, e são limitadas pelas elevações planálticas de Maracaju. A bacia do rio Paraguai situa-se no Pantanal; a do Paraná está na porção centro-oriental de Mato Grosso do Sul.

 

● O que significa o termo Paraguai? Conforme registrou Teodoro Sampaio (“O Tupi na geografia nacional”, 1901), o termo Paraguai, “paraguá-y”, significa rio dos papagaios, ou rio dos cocares ou das coroas. Ainda segundo esse geógrafo, há uma diferença significativa na pronúncia entre o tupi e o guarani. No guarani, quando o vocábulo composto tem aguda a última sílaba, a tônica da palavra fica nesta sílaba, como Paraguá-y. Já para o tupi, a tônica recai sobre a última vogal, de tal forma que o vocábulo Paraguai seria pronunciado, neste caso, Paraguaí. O que prevaleceu como uso frequente, pela influência do guarani, portanto, Paraguai.

 

Qual a diferença entre Amambai e Amambaí? Amambaí” é o rio, afluente, pela margem direita, do rio Paraná; limite entre os municípios de Aral Moreira e Coronel Sapucaia, Amambai e Laguna Carapã, Amambai e Caarapó, Amambai e Juti, Iguatemi e Naviraí, Naviraí e Itaquiraí. Suas nascentes se localizam em torno de um quilômetro da fronteira da República do Paraguai. “Amambai” é o nome do município. O uso consagrou, para a cidade e município, a pronúncia Amambai (i final átono) e, para os demais nomes próprios, Amambaí (i final tônico). O primeiro bairro de Campo Grande chama-se Amambaí. Sobre sua história, escreveu Joaquim Francisco Lopes que “Este rio, chamado assim por causa da muita samambaia”. Era conhecido como Samambaí-Guaçu (ou Açu) para distingui-lo do rio Samambaia, que seria o Mirim. Com o tempo fixaram-se os nomes Samambaia e Amambaí, não sendo necessário o Guaçu. Foi importante via de exportação da erva-mate, principalmente pelo porto Felicidade (perto de Juti, hoje).

 

Qual a importância do jacu na produção de erva-mate? No auge da produção de erva-mate, entre o final do século XIX e início do século XX, a Companhia Matte Larangeira não admitia que o jacu e o tucano fossem caçados, porque eles (principalmente o jacu), alimentavam-se das sementes da erva e as espalhavam através de suas fezes. Mas por que da importância dessas aves? A erva-mate já era nativa, porém quando plantadas suas sementes demoravam muito tempo para germinar mas depois que o jacu se alimentava delas, essas eram descortiçadas em sua moela, ou seja, ficava mais fácil à germinação, daí a proibição em caçá-lo.

 

Qual a maior altitude em Mato Grosso do Sul? A maior altitude de Mato Grosso do Sul está na morraria de Santa Cruz, com 1.065 metros, no município de Ladário.

 

Qual político de Campo Grande era chamado de Prefeito Risadinha? Dr. Marcílio de Oliveira Lima foi prefeito de Campo Grande de 1955 a 1959. Pessoa extremamente otimista, sempre de bom-humor, era carinhosamente chamado de “prefeito risadinha”.

 

Qual prefeito de Campo Grande incentivou a arborização da cidade? Dr. Arlindo de Andrade Gomes, pernambucano, primeiro Juiz de Direito de Campo Grande, instalou a comarca em 1911. Quando prefeito – de 01/01/1921 a 31/12/1923 –, foi o responsável e grande incentivador pelo início da arborização da cidade, construindo o Passeio Público, hoje Praça Ari Coelho.

 

Qual prefeito decretou 26 de agosto feriado municipal em Campo Grande? O feriado de aniversário de emancipação política de Campo Grande, no dia 26 de agosto, deve-se a Rosário Congro, quando foi intendente do município de 1918 a 1919, por meio do ato n. 14, de 25 de agosto de 1919. Ele foi o primeiro a descrever as características de Campo Grande, em um relatório datado de 1919 que foi publicado pelo IHGMS e está à disposição dos interessados em sua sede. Rosário Congro é considerado o biógrafo de Campo Grande.

 

Resenha extraída de conteúdo disponibilizado no site do Instituto Histórico e Geográfico de MS <https://ihgms.org.br/vc-sabia?p=3>

 

Autor: Maria Madalena Dib Mereb Greco

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