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05/10/2020

A REPRESENTAÇÃO DAS MULHERESNAS ARTES PLÁSTICAS DO HAITI APÓS O TERREMOTO DE 2010: O testemunho de um Soldado (1)

A REPRESENTAÇÃO DAS MULHERESNAS ARTES PLÁSTICAS
DO HAITI APÓS O TERREMOTO DE 2010: O testemunho de um Soldado (1)

                                                                                     Wellington Corlet dos Santos (2)

RESUMO

A participação em uma missão de paz da Organização das Nações Unidas – ONU, antes que uma grande experiência profissional, é uma grande oportunidade de contribuir com a melhoria das condições de vida das pessoas e, também, de se observar e se relacionar com uma cultura diferente.
No Haiti, durante a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti - MINUSTAH, não foi diferente. Além disso, o terremoto de 2010 acabou se tornando um referencial importante, que gerou influências em tudo, inclusive na História e na cultura daquele país.
Entre os anos de 2011 e 2012, este autor integrou o Batalhão Força de Paz 2 – BRABAT 2 e, além de cumprir as missões diárias, não resistiu ao convite da  diversidade cultural presente nas ruas de Porto Príncipe, passando a observá-la, em especial, as telas com pinturas.
O presente artigo é o resultado dessa observação, “o testemunho de um Soldado”, que se propõe a demonstrar que a defesa da diversidade cultural é inseparável do respeito pela dignidade da pessoa humana; demonstrar a importância da participação das mulheres na “sobrevivência” cultural, em especial nas artes plásticas, no Haiti; estimular a pesquisa aprofundada; e divulgar a cultura do Haiti.


REPRESENTACIÓN DE MUJERES EN ARTES PLÁSTICAS DEL HAITÍ DESPUÉS DEL TERREMOTO DE 2010: El testimonio de un soldado (1)    

                                                                               Wellington Corlet dos Santos (2)
    
RESUMEN

La participación en una misión de mantenimiento de la paz de lãs Naciones Unidas (ONU), en lugar de una gran experienciaprofesional, es una gran oportunidad para contribuir y mejorar las condiciones de vida de las personas y, también, observar y relacionarse con una cultura diferente.
En Haití, durante la Misión de Estabilización de las Naciones Unidas en Haití - MINUSTAH, no fue diferente. Además, el terremoto de 2010 se convirtió en un importante punto de referencia que generó influencias en todo, incluso en la historia y la cultura de ese país.
Entre 2011 y 2012, este autor formó parte delBatallón de Fuerza de Paz 2 - BRABAT 2 y, además de cumplirconlasmisionesdiarias, no resistiólainvitación de ladiversidad cultural presente enlascalles de Puerto Príncipe, comenzando a observarla, en especial,las pinturas sobre telas.
Este artículo es el resultado de esta observación, "el testimonio de un soldado", cuyo objetivo es demostrar que la defensa de la diversidad cultural es inseparable del respeto a la dignidad de la persona humana; demostrar la importancia de la participación de las mujeres en la "supervivencia" cultural, especialmente en las bellas artes en Haití; estimular la investigación en profundidad; y difundir la cultura de Haití.    

A REPRESENTAÇÃO DAS MULHERES NAS ARTES PLÁSTICAS
DO HAITI APÓS O TERREMOTO DE 2010: O testemunho de um Soldado (1)

1. Introdução
A dificil situação pela qual vem passando a República do Haiti, sob o ponto de vista científico, é um laboratório em campo aberto para a Psicologia, Sociologia, Etnologia, História, Economia, Ciências Políticas, Direitos Internacional, Direitos Humanos, eoutras ciências.
Sob o ponto de vista militar, é apenas mais uma missão militar. 
Sob o ponto de vista humanitário, é um exercício de humildade e fraternidade. 
Entretanto, sob do ponto de vista artístico, o que este autor pôde perceber é que as grandes dificuldades impostas ao povo haitiano não são suficientes para impedir ou inibir a produção artística mas, muito ao contrário, servem de motivação e provam que as artes são resultantes de instintos naturais diretamente proporcionais ao grau de humanização do povo.
Estes instintos naturais, em todas as sociedades e em todas as épocas, fez com que sempre caminhassem juntos a fé (religiosidade), a busca pelo conhecimento (ciências) e as manifestações artísticas.
1.1. Os objetivos deste trabalho são dois: primeiro, demonstrar que a defesa da diversidade cultural é inseparável do respeito pela dignidade dapessoa humana; e, segundo, demonstrar a importancia da participação das mulheres na “sobrevivência” cultural, em especial nas artes plásticas, no Haiti, após o terremoto de 2010, sob o ponto de vista dos relatos de um autor/soldado que testemunhou os fatos, mas não de um especialista em artes plásticas. Na realidade, este trabalho serve mais como um convite para despertar os interesses de pesquisadores para realizarem teses mais aprofundadas.
1.2. A metodologia empregada foi a observação dos objetos de estudo, de forma descritiva e explicativa, com abordagem qualitativa, em procedimentos documentais, bibliográficos, pesquisa “ex-pos-facto” e pesquisade campo, na cidade de Porto Príncipe, durante 7 (sete) meses, entre setembro de 2011 e abril de 2012, sem, contudo, cumprir a rigor as normas científicas, uma vez que a prórpria situação do país e as tarefas principais deste autor não permitiram, de forma que estes relatos e análises deste autor, assim como o universo de amostra, antes que tudo, podem ser consideradas  fontes primárias.
O principal referencial teórico utilizado foi a DECLARAÇÃO UNIVERSAL SOBRE A DIVERSIDADE CULTURAL, da UNESCO.
1.3. Basicamente, o universo de amostra que foi utilizado para este trabalho, além da observação direta, “in loco”, de diversas manifestações artísticas, foi um conjunto de 29 (vinte e nove) pinturas artísticas de óleo sobre tela de tecido, selecionadas, aleatóriamente, entre as muitas vistas, por serem representativas das temáticas hegemônicas na arte popular do Haiti, e que eram comercializadas na Feira da Paz (Marché de Lapè), em Porto Príncipe, durante a minha permanência naquele país, entre 2011 e 2012, por ocasião da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti – MINUSTAH. Este conjunto determinado de obras foi, posteriormente, registrado com o nome “Declaração de Autenticidade”, sob o número 279176, no Livro B, em 08 de agosto de 2014, no Cartório do 4º Ofício de Notas, Registro de Títulos e Documentos (Avenida Afonso Pena, 2514, Campo Grande – MS – Brasil) e doado, em partes iguais, ao Instituto Histórico e Geográfico do Mato Grosso do Sul – IHGMS e ao Instituto de Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul – IDHMS, no Brasil, onde se encontram atualmente.

2. Síntese histórica do Haiti
O Haiti, oficialmente chamado República do Haiti, é um país do Caribe, que ocupa uma pequena porção ocidental da ilha de Hispaniola, cuja parte oriental é ocupada pela República Dominicana.
A ilha foi descoberta por Cristóvão Colombo, em 5 de dezembro de 1492, que lhe deu o nome de Hispaniola. 
Em 1697, o território correspondente ao Haiti foi cedido pela Espanha à França. No século XVIII, o Haiti tornou-se a mais próspera colônia francesa na América, em virtude da exportação de açúcar, cacau e do café.
O Haiti obteve a sua independência em 1804, quando extinguiu a escravidão e se tornou a primeira república governada por pessoas de ascendência africana.
A cultura haitiana é o resultado de influências taínas, espanholas, africanas e francesas,  remanescentes do período colonial. 
Devido ao seu grande histórico de instabilidade político-institucional, entre os anos de 2005 e 2017, o Haiti foi anfitrião da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti – MINUSTAH, que se iniciou com base na Resolução 1542, aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, na sua 4961ª sessão, celebrada em 30 de abril de 2004.
Em 12 de janeiro de 2010, o país sofreu um grande terremoto de 7.3 graus na Escala Richter, após o que foram registrados diversos tremores com magnitude em torno de 5.9 graus. O terremoto provocou a destruição de grande parte da infra-estrutura básica e matou mais de 220 mil pessoas, incluindo 96 integrantes das Nações Unidas.
“As crises constituem momentos e não estados. As ordens, os sistemas de valores e de evidências são freqüentemente abalados, mas as forças obscuras não aniquilam a esperança”. (COHN, Danièle. 2007. Conclusões, in Que Valores para este Tempo?, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian / Gradiva – Publicações, Lda, 2007, tradução de Dóris Graça Dias, p. 370.)

3. Uma breve análise geral das obras de arte
3.1. As obras de arte e artesanatos são elaborados sob muitas formas, estilos e tamanhos, tais como estatuetas, telas, adornos, bijouterias, roupas, etc, com todos os materiais, com destaque para a madeira, o metal, pedras, ossos de bovinos e os tecidos, que são a materia prima principal para a produção das telas.
Especificamente, este autor pôde comprovar que as manifestações artísticas são uma prova da existência de humanidade e de esperança em um povo, com destaque para a participação das mulheres, o que pode ser facilmente demonstrado por meio de uma pequena análise das características das telas da época do terremoto.
Essas obras não seguem nenhum movimento ou corrente artística famosa. Na realidade, a difícil situação do país acaba por criar e desenvolver uma corrente artística própria, resultante do isolamento, da miséria, do sofrimento, da carência de meios de subsistência, da fome, do desrespeito aos Direitos Humanos, da luta pela sobrevivência e outras coisas.
3.2. Os artistas são quaisquer pessoas do povo, porque a sensibilidade artística não tem critérios nas suas escolhas. Entretanto, no que se refere às artes plásticas, que são o foco deste trabalho, este autor não pôde comprovar a existência de mulheres pintoras. Do universo de amostra tratado no presente trabalho, destacam-se os seguintes artistas, pessoas do povo: Hary; Dupré, Joseph Ronald; Rodrigue; Sylne B; M. Fednedjy; Lorestil; Jimmy Pis; Tipa; Ritchel; J. Helip; Pierre Donel; S. Aubanel; Sandro; e L. V. Alalv.
As formas de vida, os valores, as tradições e as crenças, assim como a dura realidade a que são submetidos os artistas, configuram uma verdadeira intervenção artística em espaços públicos e o “reconhecimento privilegiado e o envolvimento direto” desses artistas em problemáticas locais de desenvolvimento caracterizam o envolvimento coletivo e nas comunidades (Paiva e Silva, José Carlos de, 2009, p.187-188).
Isso faz com que esses artistas e as suas obras contribuam com a existência intelectual, afectiva, moral, espiritual e com o desenvolvimentoda sociedade a que pertencem e, também, com a dignidade da pessoa humana, aspectos estes protegidos pelos artigos 3º, 4º e 5º da DECLARAÇÃO UNIVERSAL SOBRE A DIVERSIDADE CULTURAL, da UNESCO.
3.3. Em virtude da situação precária do país, da pobreza e da carência de materiais mais nobres, os materiais básicos empregados nas telas tem sido sempre aqueles que se encontram disponíveis. Na maioria das vezes, são materiais de segunda ou terceira classe que são reaproveitados, tais como tecidos azuis e brancos confeccionados originalmente para outras finalidades.
3.4. As imagens reproduzidas nas telas, em geral, nos tamanhos 1,00 m x 0,70 m ou 0,60 m x 0,50 m, são bem coloridas, com cores básicas, sem transmitir muita noção de perspectiva, profundidade e proporcionalidade. Em alguns casos, a sombra, a luz e o brilho são explorados, sem muito resultado, mas com certa originalidade no estilo.
Em geral, as obras não parecem seguir fielmente nenhuma escola artística tradicional ou famosa, às vezes, parecendo realistas, outras vezes, modernistas ou surrealistas, transmitindo mensagens, diretas ou indiretas, sobre a influencia da dificil situação do país na vida das pessoas, patriotismo, união e trabalho em grupo, ideais de fartura e riqueza, valorização da cultura negra (afrodescendente), igualdade e fraternidade, nunca transmitindo miséria e tristeza, mas sempre uma situação ideal.
3.5. As fontes de inspiração são bem diversificadas, mas sobressaem-se: as paisagens naturais, paisagens rurais e paisagens urbanas; o trabalho no campo ou na área urbana (neste ultimo caso não inclui os trabalhos realizados no interior de oficinas, das casas, lojas ou mercados, mas somente na parte externa, nas ruas); a destruição ocasionada pelo terremoto; e a mulher, uma das mais importantes fontes de inspiração, tanto pela grande quantidade de obras em que ela figura, quanto pela grande diversidade de associações em que aparece.
“Independientemente de los vocabularios y los referentes de cultura visual empleados en las obras, el artista de arte público está emplazado a dialogar con la circunstancia y a leer las inquietudes, conflictos y situaciones sociales, a escuchar e interpretar las huellas culturales y los deseos de la ciudadanía, a atender a la poética, la trama, las características físicas del espacio y las demandas funcionales, y a ofrecer respuestas eficaces, sensibles, estéticas, significativas, cívicas y democráticas, en el marco plural de la cultura del proyecto”. (AGUILERA, Fernando Gómez. 2004, in on the w@terfront, n 5, March, 2004, p. 46/47.)
3.6. Sobre a produtividade e comercio dessas obras: não se pode dizer que essas obras sejam de primeira categoria, elaboradas por artistas famosos de alguma escola famosa, mas o que se destaca é o fato delas terem sido produzidas com todas dificuldades inerentes à situação de calamidade do país e à  pobreza da população, se constituindo mais como um meio de garantir a sobrevivência. Evidenciam a força da arte e das pessoas.
Algumas delas são muito parecidas com outras, mas todas, sem duvida nenhuma, elaboradas individualmente pelos artistas. Não são simples cópias de uma  indústria artesanal.
As exposições ao público, para a venda, são realizadas em quaisquer canteiros, sem proteção, sem quaisquer cuidados de conservação e sem nomes ou títulos que as identifiquem.
As obras são vendidas nas ruas, em pequenos mercados, lojas, barracas, tendas, ou feiras em locais próximos ao Aeroporto Internacional Toussaint Louverturee, também, na Feira da Paz (MARCHE LAPÈ), proximo as bases dos integrantes da MINUSTAH, em Porto Príncipe.
Tal fato, não pode ser evocado para diminuir-lhes o valor artístico porque são frutos da criação dos artistas e são portadores de identidade, de valores e de
sentido, não devendo, portanto, ser considerados como meras mercadorias ou bens de consumo, conforme estipulado no artigo 8º da DECLARAÇÃO UNIVERSAL SOBRE A DIVERSIDADE CULTURAL, da UNESCO.
    
4. A representação das mulheres nas obras de arte
A mulher, como fonte de inspiração, é abordada sob diversas formas, seja como personagem individual, personagens em grupo, ou ainda, associada(s) a outros temas.
Em geral, são valorizados a beleza individual, o trabalho extradoméstico em grupo, no campo ou na cidade, o trabalho doméstico, e a utlilização de roupas tradicionais (moda, trabalho ou folclore). Quando em grupo, às vezes, apresentam roupas com as mesmas cores, destacando, também, a utilização de enfeites ou adornos femininos, valorizando as origens afrodescendentes e o patriotismo.
4.1. Como características muito exaltadas, destacam-se a mulher como personagem principal (de forma individual ou coletiva), mulheres usando enfeites ou adornos femininos, mulheres vestindo roupas tradicionais, mulheres associadas à natureza (paisagem vegetal) e mulheres na presença de homens.
4.2. Como características pouco exaltadas, destacam-se a existencia de classes sociais, a divisão social de trabalho com base no gênero, a existência de menores de idade, as mulheres em grupo com roupas de cores iguais, as mulheres em grupo em trabalho extradoméstico, e mulheres isoladas apenas fazendo pose para o artista, dentre outras.
4.3. Como características não observadas, destacam-se a maternidade, o erotismo, o sofrimento, a existência de mulheres de outras etinias que não afrodescendente, a homossexualidade, mulheres em grupo se divertindo, mulheres isoladas se divertindo, mulheres realizando trabalhos tradicionalmente masculinos e mulheres vestindo roupas da moda de outras culturas.
A pertinência em se considerar e avaliar caracteristicas que não foram observadas está no fato de que a análise pode se tornar mais abrangente, englobando aspectos que poderiam de fato ter ocorrido, mas por algum motivo não foram ratratados ou simplesmente não foram observados por este autor.
4.4. No Quadro estatístico das característicasrelacionadas à representação das mulheres, fica evidente que no universo de amostra principal, dentre as 29 (vinte e nove) telas dessa amostra, 17 (dezessete) delas apresentam personagens do sexo feminino (58,62%).
Dessa parcela, podem-se observar as principais características ou relações que os artistas fizeram às mulheres, utilizando as mesmas como fonte de inspiração principal ou secundária.

 
CARACTERÍSTICA EVIDENCIADA    QUANT(1)    %(2)       
Diferenciação de classes sociais    1    5,9       
Divisão social de trabalho com base no gênero    6    35,3       
Erotismo / sensualidade    0    0       
Existência de meninas (menores de idade)    4    23,5       
Existência de mulheres de outras etinias que não afrodescendente    0    0       
Homossexualidade    0    0       
Mulheres associadas à natureza (paisagem vegetal)    7    41,2       
Mulheres associadas aos animais    2    11,8       
Mulheres associadas à maternidade    0    0       
Mulher como personagem principal    12    70,6       
Mulher como personagem segundário    5    29,4       
Mulheres em grupo com roupas de cores iguais    5    29,4       
Mulheres em grupo com roupas de cores diferentes    3    17,6       
Mulheres em grupo em trabalho extradoméstico    6    35,3       
Mulheres em grupo se divertindo    0    0       
Mulheres exaltando patriotismo    1    5,9       
Mulher isolada apenas fazendo pose para o artista    5    29,4       
Mulher isolada se divertindo    0    0       
Mulher isolada trabalhando    1    5,9       
Mulheres na presença de homens    7    41,2       
Mulheres realizando trabalhos tradicionalmente masculinos    0    0       
Mulheres sofrendo    0    0       
Mulheres usando enfeites ou adornos femininos    10    58,8       
Mulheres vestindo roupas tradicionais    13    76,5       
Mulheres vestindo roupas da moda de outras culturas    0    0     

OBSERVAÇÕES:
(1) Esse valor se refere somente a quantidade de telas (imagens) em que a caracteristica evidenciada apareceu. Não se refere à quantidade de mulheres nas imagens.
(2) Para fins de cálculo do percentual das características, foi considerado como 100 % somente as 17 (dezessete) obras que apresentaram personagens do sexo feminino.

5. Conclusões
Todos aqueles civis e militares que participaram da MINUSTAH atuaram “IN THE SERVICE OF PEACE”, ou “A SERVIÇO DA PAZ”, e sentiram nas próprias peles, nas mentes e nos corações as diferentes sensações e emoções, resultantes de muitas e dificeis situações que enfrentaram, escrevendo com o seu sacrifício diário um pouco da História.
Mas nesse contexto, herói maior é o povo haitiano, merecedor de tantas obras artísticas quanto se lhe puderem ser dedicadas e, mais ainda, a mulher haitiana.
Sobre o que foi relatado e analizado, percebe-se que, por mais difcícil que seja a situação, os traços humanos artísticos acabam por se manifestar espontaneamente com quaisquer meios disponíveis. A arte nunca morre, porque sempre prevalece sobre qualquer situação,  nascendo, crescendo, chegando a ganhar personalidade e identidade próprias. Uma única obra é capaz de nos dizer sobre um contexto histórico, sobre a personalidade do autor ou sobre quem ou o que está sendo retratado.
Isso demonstra que a diversidade cultural é inseparável da dignidade da pessoa humana.
Também merece destaque a importância que é atribuída à mulher, como fonte inspiradora de paz, de esperança, de segurança, fartura e de progresso, caracteristicas essas manifestadas nas obras, em geral, pela “beleza feminina” e pelo seu “papel na sociedade”, inclusive no trabalho extradoméstico, o que demonstra a importância dela na “sobrevivência” cultural, em especial nas artes plásticas, no Haiti, após o terremoto de 2010.


REFERÊNCIAS

Exército Brasileiro. Batalhão de Infantaria de Força de Paz – Feira da Paz. Recuperado de  http://www.eb.mil.br/web/haiti/noticias-brabat/-/asset_publisher/7axe0reuvUKr/content/batalhao-de-infantaria-de-forca-de-paz-feira-da-paz#.Woxr16jFLIU

Exército Brasileiro. Última Feira da Paz controlada pelo BRABAT 2/17. Recuperado de http://www.eb.mil.br/web/haiti/brasil-no-haiti/-/asset_publisher/ej0Ivyd91BVf/content/ultima-feira-da-paz-controlada-pelo-brabat-2-17#.WoxslajFLIU

Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural.United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization – UNESCO (2001). Recuperado de http://www.unesco.org/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CLT/diversity/pdf/declaration_cultural_diversity_pt.pdf

Organização das Nações Unidas. Establecimiento de un entorno seguro y estable. Recuperado dehttp://www.un.org/es/peacekeeping/missions/minustah/

Paiva e Silva, José Carlos de. (2009). ARTE/desENVOLVIMENTO. (Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de Doutor em Pintura). Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Porto.

Resolución No. 1542 de30 de abril de 2004, que establece la Misión de Estabilización de las Naciones Unidas en Haití (MINUSTAH). Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas, New York (2004). Recuperado de  http://www.un.org/es/comun/docs/?symbol=S/RES/1542%20(2004)

Santos, Wellington. (Declaração de Autenticidade, do próprio autor ID: MI89400 – MINUSTAH, registrada sob o número 279176, no Livro B, em 08 de agosto de 2014, no Cartório do 4º Ofício de Notas, Registro de Títulos e Documentos : Avenida Afonso Pena, 2514, Campo Grande – MS – Brasil).


ANEXOS

As figuras constantes neste anexo, são imagens obtidas pelo próprio autor, dentre o conjunto de 29 (vinte e nove) pinturas artísticas de óleo sobre tela de tecido (1.3 universo de amostra). Atualmente, estas obras se encontram no Instituto Histórico e Geográfico do Mato Grosso do Sul – IHGMS e no Instituto de Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul – IDHMS, no Brasil. Considerando que as obras, originalmente foram comercializadas sem um nome que as identificasse, para efeito de estudo e melhor entendimento, os nomes com os quais as obras foram identificadas, no documento de registro em cartório e nas figuras abaixo, foram dados por este autor.
 
Figura 1 – NOME DA OBRA: Menina Patriótica (W - 14); AUTOR: Jimmy Pis; DIMENSÕES: 0,62 x 0,51 m; AUTOR DA FOTOGRAFIA: Wellington C. Santos; COMENTÁRIOS: a imagem demonstra a existência de uma menina (menor de idade), como personagem principal, usando enfeites ou adornos femininos, fazendo pose para o artista, de forma isolada, exaltando o patriotismo.
 
Figura 2 – NOME DA OBRA: Menina com Ave na Cabeça (W - 18); AUTOR: Ritchel; DIMENSÕES: 0,75 x 1,00 m; AUTOR DA FOTOGRAFIA: Wellington C. Santos; COMENTÁRIOS: a imagem demonstra a existência de uma menina (menor de idade), como personagem principal, usando enfeites ou adornos femininos, fazendo pose para o artista, de forma isolada, associada a um animal, trabalhando, vestindo roupas tradicionais.

 

Figura 3 – NOME DA OBRA: Carregadora de Água (Tela W – 06); AUTOR: Dupré; DIMENSÕES: 0,62 x 0,51 m; AUTOR DA FOTOGRAFIA: Wellington C. Santos; COMENTÁRIOS: a imagem demonstra mulheres, em grupo, com roupas tradicionais de cores iguais, trabalhando, como personagens principais, associadas à natureza (paisagem vegetal).


 

Figura 4 – NOME DA OBRA: Aldeia de Trabalhadores (W - 17); AUTOR: Tipa; DIMENSÕES: 0,51 x 0,62 m; AUTOR DA FOTOGRAFIA: Wellington C. Santos; COMENTÁRIOS: a imagem demonstra mulheres vestindo roupas tradicionais, trabalhando de forma isolada, como personagens segundárias, associadas à natureza (paisagem vegetal). Destacam-se, também, a presença de homens e a divisão social de trabalho com base no gênero. 

 

Figura 5 – NOME DA OBRA: Grande Feira de Frutas (W - 12); AUTOR: M. Fednedjy. Lorestil; DIMENSÕES: 0,76 x 1,03 m; AUTOR DA FOTOGRAFIA: Wellington C. Santos; COMENTÁRIOS: a imagem demonstra mulheres, como personagens principais, trabalhando em grupo, vestindo roupas tradicionais de cores diferentes e usando enfeites ou adornos femininos. Observa-se, também, a presença de homens.


 

Figura 6 – NOME DA OBRA: Vendedoras de Frutas (Tela W – 03); AUTOR:Hary; DIMENSÕES: 1,01 x 0,76 m; AUTOR DA FOTOGRAFIA: Wellington C. Santos; COMENTÁRIOS: a imagem demonstra mulheres, como personagens principais, em grupo trabalhando, vestindo roupas tradicionais de cores iguais e usando enfeites ou adornos femininos.

 


Figura 7 – NOME DA OBRA: Mulher com Copos de Leite (Tela W – 07); AUTOR: Joseph Ronald; DIMENSÕES: 0,76 x 1,02 m; AUTOR DA FOTOGRAFIA: Wellington C. Santos; COMENTÁRIOS: a imagem demonstra uma mulher isolada, apenas fazendo pose para o artista, como personagem principal, vestindo roupas tradicionais das classes mais elevadas, usando enfeites ou adornos femininos, e associada à natureza (paisagem vegetal). As roupas bem ornamentadas evidenciam que pertence a uma elevada classe social.

 

Figura 8 – NOME DA OBRA: Sonho pela Paz (W - 22); AUTOR: Pierre Donel; DIMENSÕES: 0,76 x 1,03 m; AUTOR DA FOTOGRAFIA: Wellington C. Santos; COMENTÁRIOS: a imagem demonstra uma mulher isolada, apenas fazendo pose para o artista, como personagem principal, associada à natureza (paisagem vegetal) e aos animais. Por ser uma imagem meio surreal, os traços faciais da personagem sugerem uma  aproximação com os traços faciais das mulheres de outras etinias que não afrodescendente. Além disso, os enfeites ou adornos femininos que ela utiliza são os elementos da própria natureza (animais e vegetais).

 


Figura 9 – NOME DA OBRA: Quatro Trabalhadoras (Tela W – 08); AUTOR: Rodrigue; DIMENSÕES: 1,03 x 0,77 m; AUTOR DA FOTOGRAFIA: Wellington C. Santos; COMENTÁRIOS: a imagem demonstra mulheres em grupo trabalhando, vestindo roupas tradicionais de cores iguais, como personagens principais, e usando enfeites ou adornos femininos.

(1) Trabalho apresentado pelo autor no Seminário Internacional “MUJERES, ARTES PLÁSTICAS, LITERATURA Y DERECHOS HUMANOS – Conmemoración del 8 de marzo, Día Internacional de La Mujer”, na UNIVERSIDADE DE SALAMANCA – USAL, Espanha, nos dias 8 e 9 de março de 2018.

(2) Wellington Corlet dos Santos: Bacharel em Direito; Mestre em Ciências Militares (Ênfase em História Militar); Ex-integrante das Missões da Paz da ONU em Angola (UNAVEM III – 1997) e Haiti (MINUSTAH – 2011/2012); Vice Presidente da ANVFEB – MS; Associado ao Instituto Histórico e Geográfico do Mato Grosso do Sul (IHGMS); Associado ao Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB); Associado do Instituto de Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul – José do Nascimento (IDHMS-JN); e Associado Correspondente da Associação Ibérica de História Militar – Séc IV – XVI (AIHM- Sec IV-XVI). Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/0699889065439615

(3) As obras que serviram de objeto de estudo para o presente trabalho foram gentilmente doadas pelo autor ao INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MATO GROSSO DO SUL (IHGMS) e INSTITUTO DE DIREITOS HUMANOS DE MATO GROSSO DO SUL – JOSÉ DO NASCIMENTO (IDHMS – JN).  
 

Autor: Wellington Corlet dos Santos

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