Efemérides

04/04/1876

Joaquim José Gomes da Silva, o Barão de Vila Maria

04/04/1876. Morte do Barão de Vila Maria, o Joaquim José Gomes da Silva. Quem foi o Barão de Vila Maria? Joaquim José Gomes da Silva e Maria da Glória Pereira Leite Gomes da Silva plantaram sementes de uma grande obra, arriscaram a vida e perderam os bens no campo da honra, em defesa da Pátria. Joaquim José Gomes da Silva, filho do português José Gomes da Silva, trazia no seu sangue a turbulência da família, manifestada por lutas políticas. Levava, também, vida amorosa e boêmia, própria da mocidade; cedo já ficara viúvo, com um filho de 5 anos, de nome Firmino. Maria da Glória, uma das filhas de Maria Josepha e do Coronel João Pereira Leite, em sua mocidade, encontra-se com Joaquim José Gomes da Silva, o Gomes, e com sua vida de tropeiro e pobre, quando passou pelo Engenho da Jacobina, localizada a 30 Km da cidade de Cáceres em direção a Cuiabá, em São Luiz de Cáceres, da família da moça rica. Demorou por alguns dias na casa desses parentes ricos, e pressentindo o namoro entre os dois, surgiu enérgica oposição da família. O Gomes, além de pobre, era filho da união de uma bugra, Rosa Teresa Inocência do Nascimento, com o padre Gomes, irmão de Dona Ana, avó de Maria da Glória, e, portanto, um filho bastardo. Pela oposição da família da moça, Maria da Glória empreendeu fuga, com uma corda com as tiras de lençóis e, pela janela, descido até a garupa do cavalo do Menino Diabo. O casamento realizou-se em Poconé, a 29 de janeiro de 1847. Depois, viajaram, por muitos dias, em batelões pelos rios Cuiabá, São Lourenço e Paraguai, e chegaram às margens do córrego das Piraputangas, nas proximidades da morraria do Urucum. Construíram um rancho coberto de palha de acuri [termo originário do tupi, significa coqueiro (Attalea phalerata); as camas eram em forma de jirau, feitas de varas; a comida, nos primeiros tempos: peixes, caças, mel de abelha, frutas silvestres, cocos, palmitos de carandá e acuri. O fogo era obtido através do atrito de madeira. Depois de fundada a fazenda das Piraputangas, por volta de 1862, já com nome respeitável e transpondo os limites da província mato-grossense, chegou à Corte Imperial notícias do fazendeiro e lavrador de Albuquerque, quando recebeu, de D. Pedro II, o título nobiliárquico de Barão de Vila Maria, a 21 de junho de 1862. O Barão de Vila Maria sempre teve espírito empreendedor e de estadista, preocupando-se com suas atividades particulares e com os problemas nacionais. As propriedades eram a Fazenda das Piraputangas, próxima à vila de Albuquerque, que tinha engenho de açúcar e muita lavoura (açúcar, farinha, milho, arroz e feijão); Fazenda Firme, entre os rios Paraguai, Taquari e Negro, de criação de gado; e a Fazenda Palmeiras, também de gado, à margem do Taquari. Os barões tiveram dois filhos: Joaquim José Gomes da Silva e Joaquim Eugênio Gomes da Silva, conhecido por Nheco, precursor da Nhecolândia, nome que até hoje é de uma região do pantanal sul-mato-grossense. Durante o conflito da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), com a invasão dos paraguaios em Corumbá, o Barão de Vila Maria percorreu em lombo de mula a mais rápida viagem de que se tinha conhecimento até aquela data: em 47 dias de marcha e 19 de descanso chegou à Corte para informar ao imperador dessa invasão. Alguns céticos ainda diziam que o barão deve ter viajado com um cavalo alado. Com a guerra, suas fazendas foram saqueadas pelos invasores, seu patrimônio dilapidado, e o trabalho de reconstrução só pôde ter reinício após 1870, do pouco que restara de suas riquezas. O grande intento do barão era conseguir autorização imperial para explorar minério de ferro nos morros do Urucum, localizados na fazenda das Piraputangas, o que fez em viagem, por volta de 1870, ao Rio de Janeiro. Entretanto, em sua viagem de volta, falece a 4 de abril de 1876, a bordo do navio Madeira, em Montevidéu, Uruguai. (Fonte: BARROS, Carlos Vandoni de. Os Barões de Vila Maria. Campo Grande, MS: IHGMS, 2010. Série Memória Sul-Mato-Grossense, Volume IV). O córrego das Piraputangas é afluente, pela margem direita, do rio Verde (este se desloca para a Bolívia), no município de Corumbá, sendo integrantes da bacia do rio Paraguai. Suas nascentes se localizam ao sul da morraria São Domingos; seu baixo curso passa na porção norte da morraria Aguaçu. História. Conforme Lécio Gomes de Sousa (Bacia do Rio Paraguai, IHGMS, 2012, Tomo II, p. 276), em 1870, João Severiano da Fonseca coletou amostras de minério de ferro e de manganês na região do córrego das Piraputangas, estimulando o Barão de Vila Maria, proprietário de imensos latifúndios na região, a iniciar as explorações desses minérios. Todavia, em sua viagem ao Rio de Janeiro, para obter concessão para exploração, faleceu durante a viagem de volta, em 1876, no estuário do Prata. (O site traz artigo sobre Maria da Gloria Pereira Leite –  A Baronesa de Vila Maria; também em PROENÇA, Augusto César. Pantanal: gente, tradição e história. Campo Grande, MS. Edição do autor, 1992. O IHGMS recomenda: BARROS, Carlos Vandoni de. Os Barões de Vila Maria. Campo Grande, MS: IHGMS, 2010. Série Memória Sul-Mato-Grossense – Volume IV).
 

Autor: IHGMS

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