29.03.1938: Data da criação do distrito de Água Clara. O povoado de Água Clara foi elevado a distrito pelo decreto lei N. 145, de 29.03.1938; o município foi criado pela lei N. 676, de 11.12.1953. O aniversário da cidade é comemorado no dia 08 de fevereiro, quando ocorreu sua instalação efetiva, isto o ano seguinte, 1954.

O site da prefeitura de Água Clara (www.pmaguaclara.ms.gov.br) disponibiliza informações históricas do município:

Ferrovia e o povoado de Rio Verde. A história de Água Clara confunde-se com a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. A E. F. Itapura a Corumbá foi aberta a partir de 1912, entre Jupiá e Água Clara e entre Pedro Celestino e Porto Esperança, deixando um trecho de mais de 200 km entre as duas linhas esperando para ser terminado, o que ocorreu somente dois anos depois. Em 1913 com a chegada dos trilhos da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, forma-se um povoado que passa a ser conhecido como Rio Verde, nome resultante devido o povoado ser banhado pelo rio Verde.

Crescimento do povoado. A povoação, a princípio formada apenas por construtores da estrada, foi acrescida de comerciantes. Um dos primeiros nomes a ter destaque no comércio desta região foi o Sr. Fenelon da Costa, com a firma CALDEIRA E FENELON com matriz em Três Lagoas. Em 1913, chegou Manoel Aparecido, que estabeleceu rudimentar indústria, produzindo farinha, açúcar e rapadura e teve a colaboração de José Martins, conhecido por “português”. Também se destacou Benevenuto Ottoni, o qual veio ganhar posterior-mente uma homenagem com seu nome batizado em uma das principais avenidas da cidade.

Dormentes e a linha férrea. O pequeno agrupamento de casas foi evoluindo devido às necessidades surgidas para a instalação dos trilhos da NOB – Noroeste do Brasil –, surgiu a primeira indústria ao fornecimento de madeiras para os dormentes da estrada. Em 14 de outubro de 1914 ocorre a inauguração oficial da linha férrea, o que foi um marco, visto que até esse ano havia somente a opção do caminho dos carros de bois, das tropas de carga e das estradas que acessavam a localidade. Logo depois da entrega da linha, em 1917, a ferrovia foi fundida com a Noroeste do Brasil, que fazia o trecho inicial no estado de São Paulo, entre Bauru e Itapura (somente em 1952 a cidade de Corumbá seria alcançada pelos trilhos).

Mudanças político-administrativas. No ano de 1932, devido ao crescimento que atingiu o povoado de Rio Verde, foi reconhecido como Distrito de Paz de Três Lagoas, com o nome alterado para Água Clara, considerando-se a água cristalina que abastecia a população e que essa água era proveniente do córrego Água Clara, mudou o nome que permanece até os dias de hoje. Em 1953, pela Lei nº 676, de 11 de dezembro, o Distrito de Água Clara é elevado à categoria de Município, sendo sua instalação efetivada a 8 de fevereiro de 1954, assumindo provisoriamente a Prefeitura o Juiz de Paz, Sr. Cassiano Vitório da Silva. Pelas eleições marcadas e realizadas no dia 03 de outubro desse mesmo ano é eleito Evaristo Mariano Rodrigues, o primeiro Prefeito Municipal de Água Clara.

Fim de uma época. Em 1996 a ferrovia foi privatizada pelo governo FHC e entregue em concessão para a Novoeste. A consequência da privatização foi o início da modernização da área: demolição do depósito onde ficavam guardados máquinas e vagões, a maioria dos ferroviários foram embora, as casas foram ficando abandonadas, onde pessoas foram invadindo e muitas foram reformadas, o quartinho dos truqueiros foi demolido. A velha estação continua lá como uma lembrança dos tempos maravilhosos e do apito do trem de passageiros.

Água Clara é citada por Gomes (2018, p. 77/80-1) no contexto da Revolução Constitucionalista de 1932, nos seguintes capítulos: Revoltosos na fazenda Esperança (p. 77) e O trem dos retirantes (p. 80).

(...) os retirantes foram transportados para Água Clara.

É de se imaginar os transtornos e a confusão ocasionados pela retirada de famílias inteiras, com seus pertences, assim à última hora.

Cada um queria levar suas coisas de estimação: joias, roupas, gatos e cachorros. Foi preciso descarregar, à noite, gôndolas de madeiras e vagões de mercadorias outras.

Viajamos à noite, amanhecemos em Água Clara. A vila, naquele tempo, apenas um reduto de casas de empregados da ferrovia, contava alguns poucos comerciantes, pequenos. Terra de areia branca, areão solto de atolar os pés no meio da rua.

As águas do rio, muito claras, daí o nome Água Clara; de tão clara era verde: o manancial que por ali passa é o rio Verde [há 6 rios em MS com esse nome; esse é o de número 3].

Informações sobre o rio Verde. Rio, afluente, pela margem direita, do rio Paraná; nasce no município de Figueirão e faz limite entre os municípios de Camapuã e o de Paraíso das Águas; entre este e os de Ribas do Rio Pardo e Brasilândia; entre este e o de Três Lagoas. Bacia do rio Paraná. O rio Verde é formado pelo ribeirão da Estiva e pelo córrego Cabeceira do Esparramo, na borda oriental da serra das Araras.

Aproveitamento. No rio Verde existem três unidades geradoras de energia, entre os municípios de Ribas do Rio Pardo e Água Clara; a usina hidrelétrica São Domingos e as pequenas centrais hidrelétricas Verde 4 e Verde 4A

Fontes:

CAMPESTRINI, Hildebrando et al. Enciclopédia das Águas de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, MS: IHGMS, 2014.

GOMES, Otávio Gonçalves. Onde cantam as seriemas. 3. ed. Campo Grande, MS: IHGMS, 2018, Série Memória Sul-Mato-Grossense, Volume XXXIX.  

PREFEITURA DE ÁGUA CLARA. Perfil histórico de Água Clara. Disponível: <www.pmaguaclara.ms.gov.br>. Acesso em: 19 out. 2020. [com alterações].

Autor: IHGMS