Textos

Breve História dos inícios de Campo Grande, a Capital de Mato Grosso do Sul

BREVE HISTÓRIA DOS INÍCIOS DE CAMPO GRANDE, A CAPITAL DE MATO GROSSO DO SUL

 

 

Você conhece a história de Campo Grande que no dia 26 de agosto celebra 122 anos? Então, vamos lá. Uma das ruas de Campo Grande chama-se Joaquim Ornellas. Você sabe o porquê? Há um antigo bairro de Campo Grande, chamado Cabreúva. Você sabe o porquê? E por que a capital do Mato Grosso do Sul, que começou como “arraial de Santo Antônio” se chama Campo Grande? E o que aconteceu com o seu marco inicial, a capela de Santo Antônio? Você ouviu falar que o Sul do Mato Grosso foi palco da Grande Guerra, chamada da Tríplice Aliança, e que trouxe profundas transformações à nossa região? Fato é que as várias migrações que se sucederam e sua posição geográfica favoreceram o desenvolvimento de uma próspera cidade cuja marca principal é ser multicultural. Você acha isso importante? Voltemos um pouco no tempo. É bom lembrar que essa região, só a partir de 1720 começou a fazer da Capitania de São Paulo e, a partir de 1748, passou a pertencer à Capitania de Mato Grosso. A Diocese de Cuiabá foi criada em 1825, respondia por todo essa região até 1910, quando é criada a Diocese de Corumbá. Com a República (1889) as províncias passaram à condição de Estados Federativos, em 1891 e o seus presidentes começaram a ser chamados de governadores. A região que nos interessa, nesta descrição, é a parte sul de Mato Grosso, pois o Mato Grosso do Sul foi desmembrado somente em 11 de outubro de 1977. Agora, sim. A região destinada a ser o sul de Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul, era terra de diferentes povos indígenas. Tornou-se conhecida pelas expedições espanholas na busca de ouro e prata, quando, já no século XVI percorriam o pantanal pelo caminho chamado Peabiru, sendo que os missionários jesuítas implantaram uma Missão Indígena na região de Aquidauana, chamada Santiago do Xerez. Mais à frente você vai ouvir falar da Fazenda Alinani. Ali encontraram as ruínas do Xerêz. Aí foi o primeiro núcleo da criação de gado nas pastagens nativas do estado. A partir do século XVII, percorreram essas terras os bandeirantes portugueses que, caçando índios para o trabalho escravo, destruíram Xerez e, chamaram a região de Pantanal, e, tendo encontrado ouro, fundaram Cuiabá, em 1719. A região mais próxima à cabeceira do Anhanduy foi percorrida por comerciantes da erva-mate no final do século XVII entre Vila de Concepción (Paraguai) e Goiás. Também sertanistas buscando novos caminhos que ligava o Paraná ao Mato Grosso e mesmo as primeiras populações percorriam o caminho que ligava Miranda à Fazenda Camapuã e daí para Cuiabá ou em direção à Goiás, Minas, São Paulo e ao Rio de Janeiro. O que prevaleceu, porém, na narrativa das origens de Campo Grande é que essa região era um imenso vazio. Não é mesmo?! Mas se você procurar conhecer a história da construção da linha férrea da Noroeste do Brasil, um dos marcos do progresso de Campo Grande, você saberá que ao longo da mesma morreram muitos indígenas como os Caingangues, os Ofaié Xavantes, por exemplo. Nos inícios do arraial de Santo Antônio, os índios Coroados vinham sondar o que estava acontecendo em suas terras, é o que se escreveu sobre o Município de Campo Grande, em 1919. Estamos agora, nos inícios do século XIX. A posição estratégica dessa região geográfica do sul de Mato Grosso favoreceu a sua difusão tornando-a conhecida como o “Campo Grande”, pela 2 sua extensão; os “Campos da Vacaria”, pois nela encontravam-se gado bravio, remanescente das reduções indígenas destruídas, ou o “Campo Alto”, em relação ao planalto da serra de Maracaju. Motivados pelas notícias de quem passava por esse campo aberto, deram-se diferentes migrações de famílias, primeiramente vindas da região de Cuiabá e Poconé; depois de Minas, São Paulo e Paraná para formaram as primeiras fazendas da região, no pantanal de Aquidauana e nos Campos da Vacaria, registradas a partir da Lei de Terras de 1850. Exceção à fazenda de Camapuã, do tempo dos bandeirantes, citamos, entre elas, a grande fazenda Alinani, de João Nepomuceno de Faria e Maria Domingas da Cruz Cordeiro, partes dela, como a Santa Tereza e Santa Madalena de famílias Pereira Mendes; as fazenda Pequi, Ponadigo e Buritizal de Joaquim de Souza Moreira, como a Pirizal de seu pai Jacinto Antônio Moreira; a fazenda Lajeado e São João do Varadouro, compradas por Manoel José Ornellas; as fazendas Carolina e Esperança, posse de João Pereira Mendes Figueiró; a Sant’Ana das Correntes, posse dos Mascarenhas; a Várzea Alegre, posse dos Mota; a fazenda Taboco, herança da esposa do José Alves Ribeiro (Cel. Jejé) e a fazenda Boa Vista de Antônio Gonçalves Barbosa, na Vacaria. E Joaquim Ornellas? E a Cabreúva? Vamos agora a eles. Joaquim tinha um irmão, chamado José. Ambos eram filhos de Manoel José Ornellas e herdaram, respectivamente, as fazendas Lajeado e São João do Varadouro. Em 1855, a fazenda Cabreúva foi desmembrada da São João do Varadouro. Foi vendida, em Miranda, em 1858, para o terceiro proprietário o Sr. Joaquim de Souza Moreira, que se tinha casado com Anna Gertrudes da Cruz Cordeiro de Faria (seus pais, os citados João Nepomuceno e Maria Domingas), da fazenda Alinani, do município de Aquidauana, fundado em 1892. Até aqui as coisas vão correndo bem, apesar das grandes dificuldades que encontravam os pioneiros, pelas distâncias e toda privação. Só existiam os núcleos populacionais de Miranda, Corumbá e de Sant’Ana do Paranaíba. Era tudo muito longe, sem estradas. O caminho para a capital Rio de Janeiro ou para Cuiabá era muito precário. Ou se ia pelo sertão bruto ou pelos rios, e sem pressa. Toda essa região do Sul do Mato Grosso, com uma população estimada em 8.000 hab., do ponto de vista do atendimento religioso da igreja católica ficou denominada Forania do Baixo Paraguai, criada em 26 de agosto de 1835. Suas filiais eram Coimbra e a Freguesia de Albuquerque (a nova), e a sede era a Freguesia de Miranda, criadas na mesma data (1835). Miranda é elevada à Vila (município), em 1857. Em Corumbá, a Paróquia foi constituída em 1º. de janeiro de 1862. O titular responsável, desde 1859 a 1886, era o Frei Mariano de Bagnaia, missionário Capuchinho Italiano. Algo novo veio tirar a pouca paz: a Grande Guerra, chamada da Tríplice Aliança entre o Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. Isso aconteceu entre 1864 e 1870. O Sul de Mato Grosso foi palco dessa guerra. Sendo a região invadida, o Brasil organizou a Expedição para o Mato Grosso para lutar na Campanha do Apa e Retirada da Laguna. O que se pode esperar de uma guerra? Morte, destruição, doenças. Os que tinham colocado suas esperanças nessas terras viram muita coisa ruir. Claro que a lembrança dos fatos heroicos nos faz olhar o passado com mais otimismo. Passados 150 anos, em 2017, a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul fez jus à sua história com a comenda Cel. Pedro José Rufino, um dos comandantes na Retirada da Laguna, para homenagear ilustres personagens significativos na construção do Estado. 3 Os fazendeiros sobreviventes lutaram por mais de 20 anos para retomar o seu trabalho e ganha pão. Em consequência desses fatos, o fazendeiro Joaquim de Souza Moreira, não pode dar continuidade aos seus empreendimentos. Faleceu em 1878. Nesse mesmo a sua filha Eulália Gertrudes casou-se com João Pereira Mendes Figueiró e puderam receber parte da Cabreúva como herança, em 1883, em partilha amigável. Após a morte de sua mãe Anna Gertrudes a parte dela passou para o seu irmão Ernesto Souza Moreira. Essa grande fazenda Cabreúva limitava-se com as fazendas citadas, Várzea Alegre, Sant’Ana das Correntes, com a antiga estrada do comércio que passava à margem direita do córrego Segredo e passava pelo seu último limite que era a Fazenda Camapuã. Estamos no imediato pós-guerra, tempo de reconstrução social. Muitos encerram sua história nesse tempo, enquanto outros, motivados pelas notícias levadas aos diversos rincões do Brasil, arriscaram iniciar uma nova história, justamente nesse contexto. Iniciou-se o núcleo de Nioaque, em 1872, fruto de novas migrações, especialmente do sul do país. Em 1892 foi fundado o Município de Aquidauana. Nesse ano de 1872, as cabeceiras do Anhanduy, já conhecidas, e que serviam de entreposto nas longas viagens, acolheu José Antônio Pereira que veio de Monte Alegre, MG, pelo antigo caminho da chamada Expedição Mato Grosso, e que tomou conhecimento da área, guiado por um ex-combatente. Retornou para buscar parte de sua família e, em 1875, encontrou acampada, no mesmo lugar escolhido, a família de Manoel Vieira de Souza (Manoel Olivério), que tinha vindo de Prata, MG. A mistura de famílias diferentes já propiciou uma nova data de fundação de novo núcleo populacional. E o que aconteceu nesse ínterim e por que foi dado o nome de Santo Antônio a esse local escolhido? Em 1878, em terceira viagem, José Antônio Pereira, desta vez retornando por Sant’Ana do Paranaíba, trouxe nova leva de familiares e agregados. Devido a doenças acometidas, fez uma promessa a Santo Antônio e conseguem, vencida a doença, chegar entre os dois córregos formadores do Anhanduy. Fruto dessa promessa constroem uma capela dedicada a Santo Antônio, inaugurada em 4 de março. Nela foram celebrados a primeira missa, os primeiros batizados e casamentos que uniram as famílias Pereira e Vieira de Souza. A pedido dos moradores, veio Pe. João Urquia, vigário em Miranda, e que estava nessa ocasião em Nioaque. Iniciou-se, assim, o arraial de Santo Antônio, nessa região geográfica do Campo Grande, enquanto buscaram iniciar novas fazendas em terras da antiga Lajeado. Mais uma diversificação acontece nesse mesmo ano de 1878, de modo espontâneo. Era o núcleo familiar e agregados de Vicente Ferreira da Silva que chegavam ao Arraial, também de Monte Alegre, e se estabeleceram na região da fazenda Cabreúva e ficaram conhecidos genericamente com o nome de “Caçador”, pela sua atividade inicial na região. Uma área ocupada da Cabreúva teve o nome mudado, em documento oficial de 1899, e passou a se chamar fazenda Ceroula. Provavelmente era a antiga sede da fazenda. O Arraial recebeu, em 1882, a visita oficial da autoridade religiosa da região, o Fr. Mariano de Bagnaia, pároco em Miranda. Estabeleceu um pequeno grupo responsável pela capela, à frente José Antônio Pereira. Em 1886, o Arraial foi visitado pelo bispo de Cuiabá, D. Carlos Louis D’Amour, ocasião de grandes celebrações. Após sua visita, o proprietário da antiga fazenda Lajeado, Joaquim Silvério Ornellas fez doação a Santo Antônio do quadrilátero entre os córregos Segredo e Prosa. Esse fato está devidamente registrado em Cartório de Campo 4 Grande, com a data de 16 de outubro de 1886. Em 1879, chegou a Campo Grande o italiano Bernardo Franco Baís. Veio a ser o primeiro juiz do Distrito de Paz criado, em 1889, coadjuvado por José Antônio Pereira e Vicente Ferreira da Silva. Foi também o primeiro prefeito eleito da Vila (município) emancipada em 1899, apesar de ter renunciado. Já estamos no período republicano. Em nome do bispo, em 1898, o salesiano Pe. José Solari visitou o Município e notou a precária conservação da capela de Santo Antônio. Infelizmente esse marco inicial do Arraial de Santo Antônio foi ficando esquecido pela administração pública. Santo Antônio foi perdendo além da terra, a praça e a rua a ele dedicados, sendo que a cidade deixou de fora o seu nome. Quando, o município, em 1910, tornou-se sede de Comarca e foi feito o seu arruamento moderno, a capela apresentava-se ainda tortuosa e deslocada no meio da rua 15 de novembro. A paróquia de Santo Antônio, criada em 1913, ficou sem onde construir uma nova igreja. Os registros históricos afirmam que precisou de uma nova doação de área, o que aconteceu por parte de Bernardo Baís. Observa-se que parte de suas propriedades estavam ao redor da igreja. Em 1918, o município foi designado formalmente como “Cidade de Campo Grande”, por ato do governador do Estado o bispo de D. Aquino Corrêa. Na sua antiga capela ainda rezou quando a visitou, em 1920. Destruída em 1922, a igreja com duas torres foi concluída somente em 1933, sob a administração dos salesianos que chegaram em 1924 e, depois, passada aos redentoristas. Demolida e reconstruída posteriormente, apesar de abençoada pelo Papa João Paulo II, nem de longe recebe a devida honra de marco inicial da cidade. A ocupação dessas antigas fazendas Lajeado e Cabreúva foi tranquila? E por que esse fato ficou desconhecido e ocultado na história dos inícios de Campo Grande? Na república, iniciada em 1889, em várias regiões do país a violência apresentou-se institucionalizada naslutas entre as oligarquias regionais. Em Mato Grosso evidenciou-se a disputa pelo poder político associado à posse da terra, ao redor do apoio ou não ao monopólio da Companhia Matte Laranjeira, sediada no Sul do Estado. Assim, marcaram profundamente o Estado as revoluções e lutas ente revoltosos e legalistas, a depender de quem detinha o poder, em um ambiente marcado pela “Lei do 44”, com o apoio dos coronéis. Vale lembrar que foram assassinados: em 1901, o deputado estadual Cel. Jango Mascarenhas, uma liderança a favor da autonomia do Sul de Mato Grosso; 1906, o governador do Estado Antônio Paes de Barros (Totó Paes); em 1914, na campanha política para prefeito da cidade, o presidente da câmara de vereadores, Amando de Oliveira, em tempos de disputa eleitoral; em 1916, pela sua opção política, o primeiro pároco de Campo Grande, o Cônego José Joaquim de Miranda. De outro lado, a República obrigou a novo registro das terras, com a Lei de 1892. Assim, a partir de 1894, antigos e novos fazendeiros foram registrar suas terras em Nioaque, sede da Comarca. Os descendentes de Joaquim Silvério afirmam ter sido lesados em seus direitos e ficaram com área remanescente, a fazenda Pontal, da qual fazia parte a conhecida Lagoa Rica. É o que diz a filha do Governador Arnaldo Estevão de Figueiredo, Lélia Rita E. de Figueiredo Ribeiro, em seu livro “Campo Grande: O Homem e a Terra”, 1993. Contudo, os pioneiros que se estabeleceram na região de sua fazenda Lajeado não tiveram problemas para justificar suas posses. 5 Você sabia que os documentos da época afirmam que o perímetro do Arraial de Santo Antônio foi registrado, em 20 de junho de 1894, por José Antônio Pereira, com o nome de Patrimônio de Santo Antônio, ficando ele mesmo como administrador? Até esse fato ficou desconhecido por muito tempo, mesmo quando se tratou da demarcação do chamado “Rocio de Campo Grande”. E o que aconteceu com o registro da Fazenda Cabreúva? Já na visita do Bispo Luiz d’Amour, a crônica de sua viagem mostra o clima de violência em relação à posse da terra. Relata, também, queixas de muitos posseiros que nela se estabeleceram, apesar de terem recebido a concessão de uso da parte dos herdeiros. Para justificar seus diretos, Eulália Gertrudes, representada por seu esposo João Pereira Mendes Figueiró e seu irmão Ernesto de Souza Moreira precisaram mover um grande processo, devidamente registrado, a partir de 1894, em Nioaque. João Figueiró pediu, nesse ano, o testemunho, entre outros, de Bernardo Franco Baís, juiz de paz em exercício, que alegou conhecer os posseiros, e o não conhecimento da área em questão. Lembre-se de que ele chegou no Arraial de Santo Antônio em 1879. Não desistindo, João chegou a pedir, em 1898, ao Departamento de Terras, em Cuiabá, a mudança do agrimensor, alegando que o mesmo o prejudicava. Em vão. Devido a pressões políticas, em uma época de lutas de poder entre os coronéis da região, em 1899, foram beneficiados os posseiros. Sem solução, os herdeiros João Figueiró e Ernesto Moreira vieram a falecer vítimas da revolução de 1901, pois eram partidários de Jango Mascarenhas. Assim, silenciada, a questão voltou a ser tratada em um momento de grande crescimento da cidade. Campo Grande tornou-se centro de grandes migrações, que a tornaram uma cidade multicultural, motivadas pela construção e inauguração da Rede Ferroviária Noroeste do Brasil (1914), tempo de sua grande modernização. Ainda assim, continuava o clima de violência e polarização política no estado. Nem mesmo a visita do governador Joaquim Augusto da Costa Marques, em 1912, abrandou os ânimos em Campo Grande. Devido a esse contexto e a dualidade de poder, tanto Cuiabá como Campo Grande sofreram intervenção federal (1917) e estadual (1918), respectivamente. Assumiu como governador conciliador o bispo salesiano D. Francisco de Aquino Corrêa (1918 – 1922) e, em Campo Grande, o interventor Rosário Congro. Nesse ínterim, preocupado com a real situação da população do Estado, D. Aquino empreendeu uma grande viagem – a Excursão Presidencial - pelos vários municípios, tendo visitado o Sul de Mato Grosso, em 1920, tendo sido recebido em Campo Grande pelo agrimensor, prefeito Arnaldo Estevão de Figueiredo, hospedando-se na casa do Cel. Quito. Quais foram, então os desdobramentos em relação à Cabreúva? A viúva de Moreira e alguns filhos de João Figueiró tinham vendido, em 1915, sua parte da Cabreúva ao procurador Querino Cheferrino. O que ele fez com as terras, não se sabe. Não se encontrou ainda nenhum registro. Os herdeiros que não venderam sua parte, entre eles Ernesto de Souza Figueiró, apelaram para a intervenção do governador D. Aquino, em 1919. Em relatório encomendado por D. Aquino sobre a região de Terenos, aparece citada, em 1921, a “falada Cabreúva”. Surpresa, não? Após sua breve visita a Campo Grande, sabedor da questão de terras no município, despacha favoravelmente aos seus herdeiros. No entanto, não foi efetivado o seu despacho por razões desconhecidas. 6 Como se percebeu, desde os inícios do novo povoado, a Cabreúva foi silenciada nos primeiros relatórios oficiais sobre Campo Grande, tanto no de Themístocles Paes de Souza Brasil (1911), no de Rosário Congro (1919), no do prefeito Arlindo Andrade Gomes (1922), quanto nas narrativas que se sucederam. Talvez você possa se perguntar: e o que aconteceu com o registro da área destinada à área urbana de Campo Grande? Bem lembrado. Quando se tratou de oficializar o quadrilátero a esse fim destinado, o engenheiro militar Themístocles pediu em Nioaque o seu registro. O que aconteceu? Disseram não ter encontrado nenhum, isto é, nem o da doação, nem o do Patrimônio. Assim, mapeou o chamado “Rocio de Campo Grande” e fechou o seu relatório em 1911. O interessante é que, quando Wilson Barbosa Martins era prefeito de Campo Grande, também ele não encontrou nenhum registro oficial da área. Assim, em 1961, para poder investir em melhorias da cidade, precisou manifestar “a maior urgência em regularizar esse assunto, para ultimar convênio celebrado com o Ministério da Educação e Cultura”. Enfim, um processo sanador define e oficializa a área entre os córregos Prosa e Segredo da área urbana de Campo Grande. Par i passu com a região e o país, Campo Grande foi encontrando novas soluções para o seu desenvolvimento. Tornou-se a Capital do Estado, em 1979. Espaço acolhedor a novos migrantes que se perguntam sobre as origens dessa bela e pujante cidade. Um futuro promissor se constrói a partir das oportunidades presentes, fruto da ousadia e coragem de tantos que se aventuraram e encontram, ainda hoje, suas raízes no passado para iniciar sempre uma nova história. Que tal buscar novas contribuições que enriqueçam a memória e a história das origens de Campo Grande? Penso que você saiba, agora, a ligação da rua Joaquim Ornellas e do Bairro Cabreúva com as origens de Campo Grande. Pergunto: está evidente para quem se interessa pela história das origens da cidade a sua ligação com a capela de Santo Antônio? Não está na hora de a cidade e o Estado cuidarem do marco inicial da Capital do Estado e fazer jus à intenção de José Antônio Pereira, pioneiro na fundação do Arraial de Santo Antônio? Ricardo Maria Figueiró e Pe. Tiago Figueiró Parabéns Campo Grande! 1.º de agosto de 2021.

Autor: Pe. Tiago Figueiró

TEXTOS RELACIONADAS

Lorem ipsum dolor sit ametconsectetur adipisicing elit

Ver Texto

Questões Gramaticais Sul-Mato-Grossenses

Ver Texto

Comunidade Pantaneira: crenças, cultura e diversidade

Ver Texto

Memorial aos 245/255 anos do Forte de Iguatemi

Ver Texto
67 3384-1654 Av. Calógeras, 3000 - Centro, Campo Grande - MS, 79002-004 ┃ Das 7 às 11hs e das 13 às 17hs, de segunda à sexta-feira.

Site Desenvolvido por: