Que rio é considerado ‘formoso’, de muitos municípios e do Pantanal? Localização e nascente. É o rio Aquidauana é afluente, pela margem direita, do rio Miranda, juntando-se a este em torno de cem quilômetros de sua foz. Nasce numa altitude aproximada de 630 metros, no município de São Gabriel do Oeste, e percorre o vale formado pelas elevações das escarpas da serra de Maracaju. É limite entre os municípios de São Gabriel do Oeste e Corguinho, Corguinho e Bandeirantes, Corguinho e Rochedo, Corguinho e Terenos, Terenos e Dois Irmãos do Buriti, Dois Irmãos do Buriti e Aquidauana, Aquidauana e Anastácio. Pertence à bacia do rio Paraguai. Em quais cidades passa o rio Aquidauana? Em seu percurso, banha as cidades de Corguinho, Rochedo, Aquidauana e Anastácio, e os distritos: Baianópolis (Corguinho), Palmeiras (Dois Irmãos do Buriti), Piraputanga e Camisão (ambos de Aquidauana). Parte significativa do seu percurso encontra-se no Pantanal. A parte alta do rio Aquidauana, chamada de montante, foi, por um tempo, área de garimpo.
Etimologia. Há várias explicações sobre a origem do termo Aquidauana. Conforme Campestrini, “o rio Aquidauana era conhecido como Aquidabã. Daí o nome atual, fixado pela língua indígena, que normalmente pronunciava o b com som próximo da vogal u e expandia as nasais, acrescentando e ou a: Aquidaban para Aquidauane (como aparece em relatos do início do século 19), fixando-se Aquidauana”. No século 17, o rio Aquidauana foi conhecido por rio Caí. O então tenente Taunay, quando, em 1866, explorava o melhor caminho de Coxim a Miranda, estudou o rio Aquidauana, produzindo sobre ele, depois, excelente texto, em seu livro “Viagens de Outrora” (p. 7-33), muito atual, cujo início é: “Se há rio formoso no mundo, é o rio Aquidauana”, descrevendo toda a sua riqueza, além de que em todo o seu percurso se formam as paisagens.
Erosão e desmatamento são as causas do assoreamento. Por ter suas nascentes localizadas na área de planalto, e quando são registrados significativos índices de chuva, todo o material erodido nessas partes altas do rio, é carreado para a planície pantaneira, contribuindo para o aumento do assoreamento do seu leito. Registre-se, também, o desmatamento acelerado que se verificou nas partes mais altas do rio Aquidauana, especialmente após a década de 1970, cuja vegetação existente na época – cerrado – foi dando lugar às práticas agropecuárias. Acrescente-se a inexistência ou ineficácia de planejamento urbano, em muitas cidades brasileiras, cujo resultado é facilmente verificável quando ocorrem pancadas de chuvas, especialmente no período de outubro a março.
Consequências do assoreamento. Desse assoreamento, o leito do rio fica mais raso e sua largura diminui, ocorrendo alagamento, como foi verificado em 1988. Pergunta-se: os estragos causados por aquela enchente histórica e outras que se sucederam, foram provocados unicamente pela chuva? Problemas ambientais, desse tipo, são, em verdade, problemas sociais.
Parque Pirizal enfeita e preserva o ambiente. Nessa perspectiva ambiental, o município de Aquidauana criou, na margem direita do referido rio, entre as pontes Roldão de Oliveira e Antônio Trindade, respectivamente conhecidas como Velha e Nova, o Parque Natural Municipal do Pirizal, pelo Decreto n. 85, de 30 de julho de 2001, com o objetivo de preservar o ecossistema natural de grande relevância ecológica e beleza cênica, protegendo o patrimônio natural e cultural da região. É pouco, mas já é um louvável começo.
Fonte: MENECOZI, Arnaldo Rodrigues. O ‘rio formoso’ de muitos municípios e do Pantanal. Campo Grande, MS: O Estado, 02 maio 2015, p. C7.
