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Qual o português que escolheu Campo Grande para viver?

Qual o português que escolheu Campo Grande para viver? Avelino dos Reis foi pioneiro do comércio e investiu nos esportes. Avelino dos Reis nasceu na freguesia de Telheiro, conselho de Celorico da Beira, distrito de Guarda, em Portugal, no dia 29 de novembro de 1898, filho de Albina Mendes da Cunha e Antônio dos Reis. Casou-se com Irene do Nascimento de Almeida, com quem teve o filho Albano de Almeida Reis, em 16 de junho de 1925. Foi em Portugal que aprendeu a sua profissão de relojoeiro, com um tio, aos 14 anos de idade. Serviu à pátria e, ao se desligar do exército, empreendeu viagem para a França, o Canadá e os Estados Unidos, onde morou e trabalhou por dois anos, numa indústria de relógios e ótica.

Em uma de suas viagens, novamente seguindo para os Estados Unidos, fez escala no Rio de Janeiro e, encantado pela receptividade e acolhida do povo brasileiro, manifestou vontade de permanecer no Brasil. Interrompeu sua viagem e desembarcou ali mesmo, em 9 de fevereiro de 1928, na cidade do Rio de Janeiro, de onde seguiu para Santos, em São Paulo, onde exerceu sua profissão durante quatro anos. Embora muito jovem, já era viúvo e tinha um filho – Albano –, que havia deixado em Portugal, junto com seus pais e suas irmãs Aurora Mendes dos Reis e Maria Antônia dos Reis.

Narrava Avelino que, certa vez, ao trocar ideias com um amigo, foi informado de que havia uma vila perdida no interior, referindo-se a Três Lagoas, no atual Mato Grosso do Sul. Aventurando-se, lá chegou em 16 de janeiro de 1932, optando por residir na cidade. Em Três Lagoas, Avelino trabalhou como relojoeiro e também como construtor de pistas de aviação, atuando em Araçatuba, Rio Pardo e Itiquira. Permaneceu por algum tempo em árdua labuta, trabalhando das 6 horas da manhã até as 24 horas para conseguir “arrumar uns cobres”, como ele dizia.

Avelino casou-se em Três Lagoas com Dalila Simões Reis, sua segunda mulher, com quem teve o filho Alfredo dos Reis, nascido em 14 de maio de 1936, já falecido. Com o falecimento de seu pai em Portugal, mandou vir sua mãe, as duas irmãs e seu filho para o Brasil, onde aportaram em abril de 1937, como turistas. Nessa condição necessitavam de autorização de permanência e por esse motivo ficaram no Rio de Janeiro por seis meses reunindo-se posteriormente com Avelino.

Nesse mesmo ano veio com sua família para Campo Grande, trazendo como bagagem suas ferramentas de trabalho e uma mala de roupas. Tinha como referência a Pensão Bentinho, na confluência das ruas Rui Barbosa e Joaquim Murtinho, onde residiu por algum tempo. Jovem e com muita garra e determinação, instalou uma banca de consertos de relógios, onde dava total garantia pelos serviços realizados. Isso foi o suficiente para ganhar credibilidade e conquistar clientela de estados vizinhos, como Goiás e até mesmo São Paulo.

Da terra de Cabral para Campo Grande, Avelino fez daqui seu lar. Em Campo Grande foi o pioneiro no ramo de relojoaria. Sua firma Avelino dos Reis & Companhia Ltda., tendo como nome fantasia “Relojoaria e Ótica Avelino dos Reis”, localizada na Rua 14 de Julho, entre as ruas Barão do Rio Branco e Dom Aquino, bem no centro da cidade, tornou-se com o passar dos tempos a mais tradicional no Estado. Era especializada em relojoaria e ótica de precisão, assim como presentes finos, destacando-se joias importadas, cristais e louças de qualidade. O local tornou-se também ponto e encontro para um bom bate-papo. Sem distinção de classes, ali se encontravam, entre outros, fazendeiros, esportistas e senhoras da sociedade – suas maiores clientes.

Avelino dos Reis sempre foi um apaixonado pelos esportes. Ainda jovem fundou, juntamente com três amigos, em Portugal, um clube futebolístico chamado Sporting Clube Beirão, onde se destacou como goleiro, na disputa de campeonatos regionais e até internacionais, na Espanha. Na sua simplicidade dizia: “Um time pequeno para jogar bolas aos domingos”. Isso em 1921. Por seu espírito esportivo, logo integrou-se aos movimentos vinculados a essa atividade em Campo Grande,  passando a ser torcedor fanático do extinto Juventus, agremiação que, no fim da década de 1930, foi campeã do município.

Quando esteve viajando por Portugal, Avelino dos Reis trouxe da nação lusa uma caixa contendo terra do quintal da residência onde nasceram o descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral, e o ilustre português Sacadura Cabral. Essa relíquia foi doada à prefeitura municipal, durante a administração de Marcílio de Oliveira Lima. Revoltava-se Avelino com a displicência de maus brasileiros e não fazia distinção entre brasileiros e portugueses, pois dizia serem unidos pelo oceano Atlântico, onde pulsava o coração com ideal único.

Avelino dos Reis, religioso, cristão e católico praticante, acreditava na força do caráter, nos valores morais das pessoas e na importância do trabalho honrado, digno e persistente. Morreu no dia 9 de novembro de 1983, aos 85 anos de idade, em Campo Grande, na localidade que desejava como natal. Deixou saudade e com certeza repousa na mansão dos justos.

Fonte:

PEDROSA, Ledir Marques. O português que escolheu Campo Grande para viver. Campo Grande, MS: O Estado, 4 mar. 2017, p. B4. [Biografia integrante da obra: MENECOZI, Arnaldo Rodrigues. (Org.). Campo Grande: Personalidades Históricas. Campo Grande, MS: IHGMS, 2012. Série Banco de Memórias, Volume XVI, 3 volumes].



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