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Qual a relação do Padre João Crippa com a igreja São José, em Campo Grande?

Qual a relação do Padre João Crippa com a igreja São José, em Campo Grande? Em 1925, Padre João Crippa comprou os dois primeiros lotes para iniciar o Oratório São José, popularmente conhecido como “Capelinha”. Entretanto, queria construir uma igreja dedicada a São José, cuja pedra fundamental foi lançada a 15 de maio de 1938, iniciando-se a construção a 1º de setembro de 1939. Padre João Crippa é homenageado como nome de rua em Campo Grande, desde 1951, substituindo o antigo nome de Rua da Constituição (a rua passa em frente à referida igreja), conforme decreto do então prefeito Ari Coelho. Padre João Crippa nasceu na Itália, dia 10 de outubro de 1861, falecendo, aos 80 anos, em 1º de agosto de 1941, na cidade de Três Lagoas.

Arnaldo Rodrigues Menecozi, Associado Efetivo do IHGMS, desde março de 2009, ocupa a Cadeira 29 e tem como Patrono Padre João Crippa. Em seu discurso de posse, proferiu as seguintes palavras com distinção ao honorário padre:

(...) A segunda satisfação refere-se ao meu Patrono: Padre João Crippa.

Padre João Crippa nasceu na Itália, na cidade de Asso, província de Milão, dia 10 de outubro de 1861, filho de Pietro Crippa e de Fiorina Bucconi.

Em 25 de outubro de 1885 ingressou como aspirante na vida sale­siana, no Colégio Salesiano São João Evangelista, em Turim. Nesse aspirantado, manteve frequentes encontros com São João Bosco, amadurecendo sua vocação e preparando-o para os sacrifícios e os heroísmos da vida missioná­ria.

Não se sabe ao certo quando ocorreu sua chegada na América, sendo que os registros apontam em 1888 ou 1889, pois em agosto desse ano já estava no Uruguai como Noviço, onde recebeu a veste talar das mãos do Bispo salesiano Dom Luigi Lasagna, dia 3 de fevereiro de 1890, quando professou seus votos perpétuos.

Foi Ordenado Sacerdote a 17 de fevereiro de 1894.

Padre João Crippa foi transferido do Uruguai para o Brasil, ficando até 1912 na Província de São Paulo, trabalhando entre os fi­lhos do povo em Araras e Lorena, onde foi o primeiro diretor espiritual, que fazia ardentes votos ao Sagrado Coração de Jesus e à Nossa Senhora Auxiliadora para proteger essas boas obras, em cujo apostolado despertava vocações. Suas palavras comoviam, não só o povo, mas também convertia doutores e ignorantes. Por isso, Padre João Crippa foi muito admirado como pregador.

De 1912 em diante trabalhou na Inspetoria de Mato Grosso, marcando presença em muitos lugares. Foi nas Colônias e aldeias dos índios Bororos que acompanhou o Presidente do Estado, Dom Francisco de Aquino Correa, Arcebispo salesiano, na visita em que percorreu o imenso território, no tempo em que o Mato Grosso era pouco conhecido.

Em 1919, no Sul do Estado de Mato Grosso, os salesianos assumem a paróquia de Aquidauana, entregue, em 1930 aos padres redentoristas, juntamente com a de Miranda, atendida por dois anos por Padre João Crippa, constituindo-se no primeiro pároco dessa cidade, além de Aquidauana e Campo Grande.

Mesmo antes da regularidade da Estrada de Ferro Noroeste, cujas imensas distâncias eram percorridas somente a cavalo, pregando a palavra de Deus de povoado em povoado, de lugar a lugar, visitando todas as fa­mílias, mesmo que fosse debaixo de uma temperatura de 35/40 graus. Era admirando pelos caboclos do sertão, sempre registrando que Padre João Crippa ia so­zinho; mas, afinal o que é que não pode um padre sozinho, se ele está vendo so­mente Deus e as almas?

A glória de Deus e a salvação das almas somente viam no Padre João Crippa o fogo sagrado que ardia nele; fogo que manifestava com a doçura dos modos e gentileza, que eram características pessoais que conquistavam e animavam as almas. Era “convidado especial” para visitar doentes e moribundos!

Em Campo Grande, convocou um grupo de senhoras, constituindo uma comissão e, em menos de três meses, obteve e preparou o local de fundação do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Com a ajuda da Providência Divina, conse­guiu-se construir o mais amplo e moderno Colégio do Estado.

Em 1925, Padre João Crippa compra os dois primeiros lotes para iniciar o Oratório São José, popularmente conhecido como “Capelinha”.

Não sendo mais suficiente a Capela, por ele construída, arregaçou as mangas a fim de construir uma bela igreja, dedicada a São José que, neste ano de 2009, comemora seus 60 anos de existência.

Padre João Crippa, quanto a igrejas, tinha ideias grandiosas. Costumava dizer:

“PARA NÓS É SUFICIENTE QUALQUER BARRACO, MAS PARA DEUS NÃO DEVE SER ASSIM!”

Em Campo Grande, Pa­dre João Crippa ficou vinte anos, sempre morando na humilde e primeira sede do Oratório São José.

Em 1937 Dom Riccardo Pittini, arcebispo salesiano de São Domingos, chegou de surpresa, numa rápida parada do voo, a Campo Grande. Foi logo pedindo onde podia encontrar o Padre João Crippa, “AQUELE, disse, QUE NO URUGUAI FOI MEU SUPERIOR E FEZ-ME COMPREENDER E AMAR OS ORATÓRIOS FESTIVOS!”

Dom Riccardo Pittini pôde verificar uma das grandes obras do Padre João Crippa: na humilde casa acolhia cada dia, em duas turmas, grupos de meninos de rua aos quais dava de manhã e à tarde os primeiros ensinamentos de educação e catequese. À noitinha acolhia os adultos analfabetos. Aos domingos chegava toda a juventude pobre do bairro para a santa Missa, confessar e comungar, para o lazer e receber instrução catequética.

Mais tarde, as fadigas e os anos limitaram seu apostolado, restringindo-o essencialmente a Campo Grande.

Um de seus sonhos era construir uma grande Igreja dedicada a São José, mas não viu com seus olhos essa bela e grande igreja que temos hoje, pois serenamente encerrou sua vida, aos 80 anos, em 1º de agosto de 1941, na cidade de Três Lagoas. Sua bondade sacerdotal o faz sempre lembrado pelo povo, que visita seus restos mortais e reza por ele na capela no interior da Igreja de São José, em Campo Grande.

Na Carta Mortuária do Padre João Crippa encontram-se palavras confortadoras:

Morreu, após ter-se oferecido até o fim no tra­balho que é próprio da vida missionária salesiana: desapegou-se de tudo para favorecer o povo e o Oratório Festivo para os filhos do povo.

Dando termo a esta preciosa existência, a morte levou consigo um Irmão da velha guarda: um daqueles que enfrentaram as primei­ras enormes dificuldades da Obra Salesiana no Brasil e no Mato Grosso em particular; daqueles que venceram porque animados pelo espíri­to mais puro de Dom Bosco.

Nos instantes finais de sua vida, Padre João Crippa deixou para o Padre Inspetor, ausente porque estava em visita às Missões, suas últimas palavras que ecoaram como profecia:

“INSISTA, INSISTA A FIM DE MANTER O ESPÍRITO DE DOM BOSCO!

Padre João Crippa teve uma atenção especial pela Associação dos Ex-Alunos. Prova disso aconteceu no dia anterior à sua morte, quando escreveu um bilhete ao diretor de um nosso Colégio:

“Caríssimo, estou de partida para a Eternidade. Recomendo-te o filho do nosso ex-aluno N.N. de Cuiabá. É um nosso ex-aluno, precisa ajudá-lo...”

Padre João Crippa manifestou em toda sua vida uma fé ardente e atos de intensa piedade cheios de amor e abandono em Deus. Quem se aproximasse de sua cama é como se fosse um altar. Sempre estava conformado à vontade de Deus.

Para finalizar esta sumária biografia do Padre João Crippa, lembro que a rua em sua homenagem em Campo Grande é desde 1951, substituindo o antigo nome de Rua da Constituição.

Com isso, espero ter apresentado não só essa sumária biografia, mas que seja uma reflexão para todos nós o amor que movia Padre João Crippa sempre na perspectiva de que o mais importante é a alma do ser, com sua essência e amor divinos.

Muito obrigado.

Campo Grande, 28 de março de 2009.

Em 2012, o IHGMS publicou Campo Grande: Personalidades históricas (Organização de Arnaldo Rodrigues Menecozi, em três volumes), onde Padre João Crippa foi biografado por Reginaldo Alves de Araújo – Volume I, p. 305-317. É o registro da nossa história.



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