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Onde se localiza a Morraria do Urucum?

Onde se localiza a Morraria do Urucum? Morraria é, simplesmente, o coletivo de morros. No caso da morraria do Urucum, localiza-se entre os municípios de Ladário (a maior parte) e Corumbá, com altitude máxima de 971 metros.

Etimologia. Segundo Teodoro Sampaio (2010), o termo urucum origina-se do tupi, urucu, e significa vermelhão, a planta que o produz (Bixa-Orellana). Provavelmente, o nome deve fazer alusão à planta urucum, de cor vermelha (popularmente, colorau, tempero utilizado em receitas culinárias, como substituto aos corantes químicos), e tal aproximação com a cor das jazidas de minério de ferro, existentes na região.

Localização. A morraria do Urucum (coordenadas geográficas centrais: 57º34’ de longitude Oeste e 19º12’ de latitude Sul) localiza-se numa área em que são registradas as maiores altitudes de Mato Grosso do Sul, próxima das morrarias de Santa Cruz e Tromba dos Macacos, ao sul; e a do Rabichão, ao leste. Está aproximadamente a 15 km, em linha reta, ao sul da área urbana de Corumbá. De suas elevações, sobretudo aquelas voltadas para a parte norte, nascem vários cursos de água, dentre eles, o córrego Banda Alta.

Denominação regional. O maciço ou morraria do Urucum abrange as seguintes elevações, com denominações locais: o próprio morro do Urucum; morrarias de Santa Cruz; do Rabichão; de São Domingos; da Tromba dos Macacos; do Jacadigo e do Zanetti, localizadas nos municípios de Corumbá e de Ladário. Essas elevações são compostas por rochas metamórficas, destacando granito e gnaisse. Por não apresentar fósseis, Valverde (1986) atribui que nesse escudo cristalino sua idade pode ser da era arqueana, ou seja, a das primeiras rochas consolidadas na crosta terrestre. Nesse maciço ocorreu intensa atividade erosiva, possibilitando a criação de um depósito de rochas do paleozoico inferior, que formam as elevações do maciço do Urucum. Além disso, o referido autor registra que desde o maciço do Urucum até elevações da Bolívia, denominadas de maciço Chiquitano, formava-se uma única abóboda, sendo rompida em tempos geológicos muito afastados.

Hidrografia. São poucas as drenagens no contexto da morraria do Urucum, com destaque aos córregos Urucum, Banda Alta, São Sebastião e das Pedras, além da lagoa Negra que situa-se a 9 km ao norte da referida morraria.

História. Conforme aponta Valverde (1986), a morraria do Urucum é constituída de material heterogêneo, rico em hematita compacta, cimentado por óxidos de ferro. Este cimento, de cor vermelha, é responsável pela denominação dada pelos indígenas ao maciço de Urucum. Aproveitando a denominação oral, manifestada pelos indígenas, Ricardo Franco, em 1786, quando realizava a exploração do rio Paraguai, nas imediações dessa morraria, confirmou o nome das elevações de Urucum. Historicamente, a primeira concessão para exploração mineral da região é apontada por Lécio Gomes de Souza (IHGMS, 2012, Tomo II, p. 276). Em 1870, João Severiano da Fonseca coletou amostras de minério de ferro e de manganês na região do córrego Piraputanga, estimulando Joaquim José Gomes da Silva, o Barão de Vila Maria, proprietário de imensos latifúndios na região, a iniciar as explorações desses minérios. Entretanto, em sua viagem ao Rio de Janeiro, para obter concessão para exploração, faleceu durante o retorno, em 1876, no estuário do Prata. Lisandra Pereira Lamoso (2005) informa que após a morte do Barão de Vila Maria, as jazidas permaneceram inexploradas até 1906, quando foram concedidas à Societé Anonyme d'Ougree, de capital belga, proprietária da Compagnie de l'Urucum. Além disso, devido ao clima ameno nas áreas altas do maciço do Urucum, com altitudes superiores a 800 metros, foi construído um sanatório militar para os beribéricos de todos os corpos da Brigada, devido a suas qualidades de clima, conforme é registrado no Álbum Gráfico do Estado de Mato Grosso, de 1914, (IHGMS, 2011, Série Memória Sul-Mato-Grossense, V. XI, Tomo II, p. 74 e V. XII, p. 69).

Arqueologia. A partir da década de 1990, foram descobertos vestígios arqueológicos, com data aproximada de 8 mil anos, constituídos de diferentes grupos indígenas, de origem tupi-guarani, com a produção de cerâmicas.

Geologia e aproveitamento. O maciço do Urucum apresenta formação mineral, com destaques ao ferro, tipo hematita e itabirito, e ao manganês, tipo pirolusita, cujas formações são do final do período pré-cambriano (mais de 1 bilhão de anos). São de extrema importância para a indústria siderúrgica. As reservas são exploradas desde a década de 1940, através dos trabalhos de John Van Nostrand Dorr II, ou Jack Dorr, como resultado do acordo de cooperação técnica entre Brasil e Estados Unidos. A incumbência desse trabalho era avaliar as reservas de minério de manganês do morro do Urucum. Tratava-se de tarefa importante dentro da conjuntura político-econômica: os Estados Unidos precisavam do Brasil como fornecedor dessa matéria-prima para atender à demanda advinda da Segunda Guerra Mundial. A região da morraria do Urucum apresenta grande beleza cênica.

Bibliografia citada:

LAMOSO, Lisandra Pereira. Proposta teórica para a pesquisa geográfica sobre exploração mineral. Florianópolis, SC: Geosul, Volume 20, n. 39, p 43-64, jan./jun. 2005.

SAMPAIO, Teodoro Fernandes. O Tupi na Geografia Nacional. 5. ed. Salvador, BA: IGHBA, 1987, [1901].

AYALA, S. Cardoso; SIMON, Feliciano. (Org.). Álbum Gráfico do Estado de Mato Grosso. Campo Grande, MS: IHGMS, 2011, Série Memória Sul-Mato-Grossense, 3 volumes. [1914].

SOUZA, Lécio Gomes de. Bacia do Rio Paraguai. Geografia e História. 2. ed. Campo Grande, MS: IHGMS, 2012.

VALVERDE, Orlando. Fundamentos geográficos do planejamento do município de Corumbá. In: BOLETIM CAMPO-GRANDENSE DE GEOGRAFIA. Campo Grande, MS: AGB, Seção Local Campo Grande, 1986. Boletim Campo-Grandense de Geografia n. 1, p. 25-119. [1972].



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