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O que é o Aquífero Guarani?

O que é o Aquífero Guarani?

O Aquífero Guarani é a principal reserva de água doce confinada no Cone Sul, abrangendo uma área estimada de 1.200.000 km². Apresenta característica transfronteiriça, estendendo-se pelo centro-sudeste do Brasil (2/3 da área total, 840.300 km²), sudeste do Paraguai (58.500 km²), noroeste do Uruguai (58.500 km²) e nordeste da Argentina (255.000 km²).

Aquífero Guarani no Brasil. Os estados brasileiros e suas respectivas áreas de presença do Aquífero Guarani são os seguintes: Mato Grosso do Sul (213.700 km²), Rio Grande do Sul (157.600 km²), São Paulo (155.000 km²), Paraná (131.300 km²), Goiás (55.000 km²), Minas Gerais (51.300 km²), Santa Catarina (49. 200 km²) e Mato Grosso (26.400 km²). Como se observa, o Estado de Mato Grosso do Sul tem 18% da área total do aquífero e 25% da área brasileira.

História e hidrografia. A utilização de água subterrânea vem desde a Antiguidade, especialmente em regiões com baixo índice de chuva. Parte da água proveniente das chuvas infiltra-se no solo, onde há duas zonas distintas. A primeira é a zona subsaturada, conhecida como lençol freático, situada próximo da superfície, pela qual a água se infiltra por gravidade para lugares mais profundos e que tenham maior permeabilidade. O fenômeno é denominado percola, que faz com que um líquido passe por um filtro purificador. A segunda zona refere-se à região onde há saturação, denominada por isso de zona saturada, também conhecida por aquífero. O limite entre as duas zonas – subsaturada e saturada – chama-se de nível hidrostático e, para efeitos geológicos, considera-se a água subterrânea aquela que esteja abaixo desse nível.

O que é aquífero, para a ANA? Para a Agência Nacional de Águas, configura-se aquífero quando ocorrem, no subsolo, a interligação e o preenchimento de poros e fraturas das rochas, formando unidades hidrológicas – os aquíferos –, de forma que permita sua captação ou extração. Então, o aquífero é uma formação geológica, com imensa capacidade de alojar água subterrânea. A introspecção e a utilização desse potencial vão depender das condições geológicas, além do avanço tecnológico e de políticas públicas capazes de garantir a qualidade e a quantidade do reservatório da respectiva reserva permanente. Mas, para se caracterizar um aquífero, é preciso considerar suas dimensões de extensão, espessura e forma de abrangência pela profundidade.

Descoberta do Aquífero. O Aquífero Guarani foi descoberto na década de 1950, na cidade de Botucatu, Estado de São Paulo, sendo chamado Aquífero Botucatu, acrescentando-se posteriormente Piramboia, que é uma classificação geográfica local, então Aquífero Botucatu-Piramboia.

Os primeiros estudos sobre o Aquífero Guarani são de 1969, quando a Organização dos Estados Americanos (OEA) apenas mencionou, num relatório, a existência desse aquífero, constituindo-se na base de elaboração de um plano para aproveitamento integral da Bacia do Prata, a segunda maior bacia hidrográfica do Brasil, com 1.397.905 km² (a primeira é a do Amazonas) e que se estende por Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai.

Com a motivação advinda do relatório da OEA, a partir da década de 1970 se dá o início à exploração do potencial hídrico apresentado pelo aquífero, principalmente na porção brasileira, que é em torno de 70% do total, com destaque para o Estado de São Paulo, pioneiro nas pesquisas. Registre-se que essas pesquisas visavam, à época, somente à perfuração de poços na busca por água e também para se encontrar petróleo.

Alerta para catástrofes. Considerando algumas particularidades do Aquífero Guarani – velocidade da água e espessura, entre outras –, é imperativo registrar que, quando a sociedade utiliza riquezas naturais sem manejo adequado, surgem consequências, muitas vezes catastróficas e imprevisíveis pelos estragos oriundos da utilização equivocada desse precioso recurso natural, no caso, a água. A excessiva perfuração de poços para abastecimento de água nas cidades pode comprometer a reserva potencial do aquífero, principalmente nos locais em que a situação se caracteriza como água jorrante, pois diminui a pressão interna do sistema, prejudicando os demais usuários. Outro aspecto de preocupação destacado pelos técnicos especialistas em hidrologia e pesquisadores são os poços clandestinos, prática fora de controle e sem o devido manejo de utilização racional da água, aliando-se, ainda, a falta de conhecimento a que se destina a água. Há registros, em Santa Catarina, de que a água já é inadequada para o consumo humano pelo excesso de sulfatos e cloretos.

Outras preocupações. Poços abandonados são outros motivos de preocupação, mesmo aqueles que não atinjam o Aquífero Guarani, porque podem facilitar a entrada de agentes poluentes e comprometer todo o sistema. Esse problema pode ser evitado se todo poço abandonado estiver vedado para não entrar água poluída em seu interior. A existência de lixões e de aterros sanitários é outro fator de risco nas contaminações de água do reservatório pela formação do chorume, líquido de cor escura que surge na decomposição do lixo, altamente poluidor. E a presença de pesticidas também se transforma em grande e constante ameaça à qualidade da água do reservatório Aquífero Guarani.

O perigo com a cana-de-açúcar. A crescente demanda dos derivados de cana-de-açúcar, especialmente álcool e açúcar, aumenta o risco de contaminação da água subterrânea, como é o caso de Ribeirão Preto, onde há muitas usinas de cana-de-açúcar nas redondezas, situação que também Mato Grosso do Sul começa a registrar desde o início do século atual. Só na fabricação do álcool, os resíduos – vinhaça – podem se constituir, em longo prazo, grandes problemas de concentração elevada de nitrato nas águas (Nitrato, NO3, é a composição de Nitrogênio e Oxigênio, porém, quando ocorre alta concentração de Nitrato na água potável pode ser perigosa para a saúde), que é um tipo de ácido, comprometendo a qualidade e a potabilidade dessa água.

Campanhas educativas. Pequenas ações veiculadas nas campanhas educativas pelos meios de comunicação são aliadas no uso inteligente da água. Diminuir o tempo no chuveiro, não limpar calçada com a mangueira de água e outras tantas atitudes no cotidiano podem se constituir em benefícios para os reservatórios de água e, evidentemente, para toda a sociedade.

Os programas educativos devem ter caráter permanente, de continuidade nas escolas, em todos os níveis, ressaltando, sempre, que os cuidados necessários para um consumo inteligente de água nos dias de hoje será a garantia de um futuro sem racionamento do precioso líquido, incluindo a qualidade da água. Outra questão fundamental, de cunho jurídico-constitucional, é a criação de leis proibindo o uso desordenado da água. A arquitetura e todos os ramos da engenharia também podem contribuir, intensificando a criação de modelos de edificações com sustentabilidade para economizar água e energia. Ressalte-se que há anos já são utilizadas outras fontes limpas de energia – solar e eólica, principalmente – que, além de não poluir os ecossistemas e biomas, podem economizar muita água.

Fontes:

CAMPESTRINI, Hildebrando et al. Enciclopédia das Águas de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, MS: IHGMS, 2014.

MENECOZI, Arnaldo Rodrigues. Aquífero Guarani: a reserva de água que atravessa fronteiras. Campo Grande, MS: O Estado, 8 e 9 de abril de 2018, p. 4.



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