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O que é a Enciclopédia das Águas de Mato Grosso do Sul?

O que é a Enciclopédia das Águas de Mato Grosso do Sul? Em 2014, o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul publicou a Enciclopédia das Águas de Mato Grosso do Sul, obra considerada marco na geografia brasileira, cujo trabalho não há similar no Brasil que aborde temas tão detalhados como acontece nessa Enciclopédia. Hidrografia. O IHGMS estabeleceu o gênero denominado hidrografia, com suas respectivas espécies, algumas específicas do vocabulário sul-mato-grossense (a bem da verdade, do Pantanal), como corixo, baía, vazante. Foram registrados arroios, baías, cachoeiras, canais, corixos, córregos, desaguadouros, lagoas, riachos, ribeirões, rios, saltos, sangradouros, vazantes, ilhas, portos, além das usinas hidrelétricas, perfazendo o total de 7.119 verbetes. De todas essas espécies, a que mais se destaca na quantidade é a dos córregos, chegando a um total de 5.642 cadastrados. Registre-se, ainda, a existência de aproximadamente 70 ilhas e mais ou menos uns 4.000 cursos d’água sem suas respectivas denominações e que não foram catalogados.

Base de pesquisa. É digno o destaque que a “Enciclopédia das Águas” tem para pesquisadores, professores, acadêmicos, poder público e a população em geral um rol enorme de informações que se constitui no único material de pesquisa realizado em Mato Grosso do Sul referente aos temas ali abordados. Neste sentido, o IHGMS já atendeu muitos pesquisadores, inclusive de outros países, cujo teor abordado na enciclopédia serviu de base para elaboração de trabalhos científicos.

A Enciclopédia das Águas não é só hidrografia. Para o conhecimento de MS, a “Enciclopédia das Águas” atende não só com informações hidrográficas, mas alcança outros patamares do conhecimento, como eventos históricos, turísticos, alterações ocorridas, tipos de vegetação, aspectos da culinária, entre outros, além da etimologia de vários termos, sobretudo de origem indígena.

Qual foi a base de pesquisa? A base da pesquisa cartográfica foram as cartas topográficas do IBGE e do Serviço Geográfico do Exército, na escala 1:100.000, totalizando 154 cartas que cobrem o território sul-mato-grossense. Também foram utilizados vários mapas antigos, entre eles os de Francisco Antônio Pimenta Bueno, de 1880, e de Cândido Mariano Rondon, de 1952, além de relatos de monçoeiros, diários de viagens de Augusto Leverger e de Joaquim Francisco Lopes, e ainda os trabalhos descritivos de Taunay e outras fontes bibliográficas.

Como a Enciclopédia das Águas pode contribuir na esfera pedagógica? Na esfera pedagógica, a “Enciclopédia das Águas” oferece ao professor material de primeira ordem no conhecimento de nosso Estado e de uma maneira prática, direta e com vocabulário de fácil compreensão, sem perder, evidentemente, a importância das informações. Considera-se, ainda, que a geografia sul-mato-grossense, no sentido conceitual, apresenta determinados termos e expressões, específicos do nosso Estado, isso sem considerar a questão etimológica. Desde arroio, baía, boca, cordilheira, corixo, leque aluvial, sanga, entre tantos outros, é possível enumerar dezenas deles. Os exemplos a seguir são uma pequena mostra da riqueza de vocabulário existente nos topônimos geográficos sul-mato-grossenses.

Arroio. É o curso de água caracterizado como um ribeiro ou regato, sem permanência definida. Termo usado na Região Sul do Brasil com o sentido de riacho ou córrego. A maioria dos arroios aparece na área de fronteira com o Paraguai e a Bolívia, provavelmente pela influência da língua guarani, pois no Paraguai o termo arroyo (pronuncia-se arrôtchio) refere-se a um pequeno curso de água, corguinho, no linguajar regional. Em guarani, “arroio”, “ysyry”, significa um pequeno curso de água, quase contínuo. Além disso, outra influência a registrar é a presença de sulistas, especialmente os gaúchos, desde fins do século 19, de onde arroio significa indistintamente um pequeno curso de água.

Baía. Em sentido geral, é a reentrância do mar no continente. No Pantanal, o termo “baía” é aplicado para designar porções de água, muitas vezes lagoas, que podem se comunicar com um rio. Essas baías resultam da acomodação dos detritos (material aluvial) carregados pelas cheias. Baía também é entendida como lagoa temporária ou permanente de tamanho variado, de forma elíptica, em crescente, em forma de uma pera ou irregular. Os meandros abandonados do Rio Taquari são denominados de baías.

Boca. É o arrombamento ou a abertura nas margens dos rios, especialmente daqueles em área geologicamente recente (quaternário), com predomínio do arenito, podendo produzir bancos de areia, dunas, canais. Em Mato Grosso do Sul, é conhecida a expressão “bocas” do Rio Taquari.

Cordilheira. No sentido geral, é o coletivo de serras, sendo uma grande massa de relevo saliente que se manifesta nas cadeias de montanhas reunidas e que formam uma individualidade geográfica definida, como a Cordilheira dos Andes, Alpes, etc. No Pantanal, cordilheira é o conjunto das elevações (ou pequenos terraços entre lagoas) do relevo que não são inundadas no período das vazantes, manifestando-se em pequenos níveis de terraços, formadas por cordões arenosos alongados, de até 6 metros de altura, podendo apresentar vegetação, como o cerrado e espécies de palmeiras.

Corixo. Curso de água de dimensões variadas, assim como sua intensidade de vazão, podendo ser um brejo, ou canal, ou, ainda, um curso de água que ressurge na época das cheias, chamado, por isso, de sazonal. Ocupa, muitas vezes, um leito abandonado de um curso de água qualquer. Termo específico do Pantanal, os corixos são formados quando sangram os rios para a planície pantaneira, contribuindo para o enchimento da região. O corixo pode aparecer com as seguintes denominações: corixa, corixe e corixão. O Visconde de Taunay definiu corixo como o lugar de maior depressão nos terrenos alagados pelo transbordar dos grandes rios.

Leque aluvial. É o depósito de sedimentos ou fragmentos de rochas, geralmente encontrados em encostas de escarpas ou em áreas planas. Em Mato Grosso do Sul, o exemplo característico de leque aluvial é o do Rio Taquari. Com o passar do tempo diversos leques aluviais podem se unir lateralmente, num processo chamado anastomose, e podem ser encobertos por sedimentos mais recentes. O nome leque aluvial é devido à forma característica como os sedimentos vão se espraiando, também conhecido por leque ou cone de dejeção.

Anastomose. A união das águas de rios paralelos e próximos, que ocorre no período das cheias, sobretudo em áreas de planície, formando uma espessa massa líquida compacta. No período das monções, para se chegar a Cuiabá por navegação fluvial, constava desse itinerário exatamente a época das cheias dos rios pantaneiros, principalmente a anastomose formada pelos rios Taquari e Corrente.

Sanga. Termo que se origina do quimbundo, língua da família banta, falada em Angola pelo povo ambundo, sendo popularizado por meio do castelhano zanja. Sanga é um pequeno curso de água, às vezes espraiado, produzido pelas enxurradas ou por correntes subterrâneas. Para designar cursos de água, o termo “sanga” aparece na região de fronteira com o Paraguai, com oito córregos. A sanga tem a lenda de sua origem, relatada por Hélio Serejo, em suas “Obras Completas”, disponíveis no IHGMS. Assim, o nosso vocabulário geográfico se enriquece, pois esses termos passam a se constituir em patrimônio do léxico sul-mato-grossense.

Dimensões físicas do livro. A “Enciclopédia das Águas de MS” tem as seguintes dimensões: tamanho 36 cm por 46 cm, peso 4,400 kg, 328 páginas, incluindo toda a parte cartográfica, com 154 cartas hidrográficas. Disponibiliza também versão digital, em um CD, dispondo de funções de pesquisa para qualquer objeto da enciclopédia.

Complementos da obra. Além da descrição dos 7.119 verbetes hidrográficos e da respectiva bibliografia, a obra tem três artigos de abertura das informações. O primeiro refere-se ao tema Mato Grosso do Sul: águas e conquistas, de autoria de Hildebrando Campestrini; o segundo, escrito por Eron Brum, retrata o Pantanal; e o terceiro sobre o Aquífero Guarani, de Arnaldo Rodrigues Menecozi. Além disso, a obra apresenta um Glossário dos termos abordados em toda a sua descrição.

O IHGMS tem a certeza de sua contribuição para o Estado de Mato Grosso do Sul por meio da publicação da “Enciclopédia das Águas”, seja para quaisquer informações de agora ou para as gerações futuras.

Fonte:

MENECOZI, Arnaldo Rodrigues. Enciclopédia das Águas: riqueza e diversidade hidrográfica. Campo Grande, MS: O Estado, 25-26 mar. 2018, p. 4. [publicação da Enciclopédia em 2014. Em 2020, início de revisão e atualização para segunda edição.].



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