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Desde quando o rio Taquari tem assoreamento?

Desde quando o rio Taquari tem assoreamento? Caracterização geral do rio Taquari. O rio Taquari é afluente, pela margem esquerda, do rio Paraguai, no município de Corumbá, desaguando ao norte do distrito de Albuquerque. Bacia do rio Paraguai. O rio Taquari nasce no município de Alto Taquari, ao sul do estado de Mato Grosso, na altitude de 860 metros, na serra do Caiapó, numa área de planalto, sendo uma das principais drenagens formadoras da Alta Bacia do Rio Paraguai. Percorre em torno de 40 km em Mato Grosso, chega a Mato Grosso do Sul, sendo limite entre os municípios de Alcinópolis e de Pedro Gomes, entre este e o de Coxim; entre este e o de Rio Verde de Mato Grosso, quando penetra no município de Corumbá, tornando-se afluente, pela margem esquerda, do rio Paraguai. Considerando o seu trajeto nos dois estados, a bacia hidrográfica do rio Taquari abrange em torno de 78 mil km2, dos quais quase a totalidade está no território sul-mato-grossense. Com a extensão aproximada em 750 km, o rio Taquari percorre aproximadamente 350 km até o início da planície pantaneira (nas bordas ocidentais das elevações planálticas de Maracaju), quando passa pela cidade de Coxim, na confluência com o rio de mesmo nome. Nesse ponto de encontro, a altitude é em torno de 180 metros, tendo, portanto, declividade em torno de 680 metros, ou seja, a cada 1 km tem desnível aproximado de 2 metros.

Trechos do Taquari. Esse trecho é chamado de Alto Taquari, por onde o seu leito é encaixado no relevo de planalto da região, aumentando a velocidade de suas águas, provocando processos erosivos em suas margens, carregando muitas toneladas diárias de terra, material geológico arenoso, causando assoreamento em seu leito e comprometendo o fluxo de água nas áreas abaixo desse ponto. O segundo trecho – Médio Taquari – vai de Coxim até o porto Rolon, já na planície pantaneira, iniciando com altitude de 180 metros, percorre em torno de 400 km até desaguar no rio Paraguai, com altitude aproximada de 80 metros. Sua declividade é de 100 metros, ou seja, a cada 1 km tem desnível de 25 cm. Neste trajeto, há presença de solos arenosos, detritos e sedimentos que são carregados para o leito do rio, onde, posteriormente, se espraiam na planície pantaneira, criando verdadeiros depósitos com esses elementos geológicos.

Erosão. Além do solo arenoso, a retirada das matas ciliares e o desmatamento, aliado a práticas agropecuárias e poluição por dejetos na área de planalto, a partir da década de 1970, contribuíram para potencializar os processos erosivos, aumentando o assoreamento do seu leito, com consequências danosas principalmente no Pantanal. O resultado é a formação de enormes bancos de areia e pequenas ilhas, diminuindo a vazão e profundidade do rio, comprometendo sua sobrevivência e da ictiofauna da região, que muito dificulta a reprodução na época da piracema. Por ser área de planície, a partir desse trecho, o rio Taquari passa a ser navegável até sua foz, apesar das dificuldades impostas pelo assoreamento, especialmente no período das estiagens. Registre-se, porém, que é a partir da cidade de Coxim, em direção ao Pantanal, que aumenta o entulhamento de todo o material oriundo das partes altas do rio, ou seja, das áreas de planalto, comprometendo, principalmente as áreas a jusante desse ponto por se encontrarem totalmente nos domínios da planície pantaneira. O terceiro trecho é denominado de Baixo Taquari, percurso que vai do porto Rolon até sua foz, no rio Paraguai, percorrendo em torno de 100 km. É nesse trecho que ocorrem as mais profundas alterações ocorridas na vida do rio Taquari, principalmente a mudança do seu leito, provocada pela inconstância do seu trajeto, além do nascimento e desaparecimento de corixos, lagoas, baías e vazantes, alterando, inclusive, a localização de sua foz, além de um processo erosivo constante. Por essas mudanças na paisagem hidrográfica e da vegetação, antigos leitos do rio Taquari são chamados de Taquari Velho.

História. A questão do assoreamento foi registrada por Francisco José de Lacerda e Almeida, em 1788, quando, navegando pelo rio Taquari, relatava que entre pequenas ilhas e bancos de areia, vê-se o antigo leito do rio entupido pelas areias. O fenômeno do espraiamento dos sedimentos, com forma característica de um leque aberto, e como os depósitos vão se sedimentando, recebe o nome de leque aluvial, por onde correm vazantes, corixos e outras espécies hidrográficas, típicas do Pantanal. O leque aluvial do rio Taquari ocupa uma área aproximada de 50 mil km2, toda ela no Pantanal. Nessa área, dependendo dos fluxos de água e das vazantes, o rio Taquari tem seus limites alterados, num processo chamado anastomose, quando suas águas se misturam especialmente com as bacias hidrográficas do rio Correntes, ao norte, e do rio Negro, ao sul, podendo alcançar outros rios, conforme descreve o Diccionario geographico, historico e descriptivo do Imperio do Brazil (1845, verbete):

(...) seu leito é largo, semeado d’um sem numero d’ilhas, que deixam sobre uma e outra margem uma carreira de embarcações, quando as águas abundam, e que comunicam com os rios Cuiabá, Porrudos e Paraguai.

O leque aluvial provoca um arrombamento ou abertura em suas margens, fenômeno conhecido no Pantanal como bocas do rio Taquari, quando podem produzir bancos de areia, dunas ou canais a partir do seu leito, tal qual registrara Lacerda e Almeida.

Proteção ambiental. Os maiores danos ambientais ao curso do rio Taquari ocorrem na área pantaneira, sendo, por este motivo, necessário proteger seus formadores no planalto. Com isso, pelo Decreto Estadual n. 9.662, de 9 de outubro de 1999, foi criado o Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari. A finalidade é preservar os elementos paisagísticos representativos e que, conjuntamente, são responsáveis para o equilíbrio ambiental da área. Sua localização abrange áreas dos municípios de Alcinópolis e de Costa Rica, com mais de 30 mil hectares protegidos. Em sua extensão, o rio Taquari recebe muitos afluentes, desde rios, ribeirões, córregos e, na planície pantaneira, inúmeros corixos e vazantes, sem denominações, que formam o seu leque aluvial nesta complexa rede hidrográfica na maior planície alagável do planeta.

Fontes:

CAMPESTRINI, Hildebrando et al. Enciclopédia das Águas de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, MS: IHGMS, 2014.

MENECOZI, Arnaldo Rodrigues. Danos no Taquari e os reflexos na área pantaneira. Três Lagoas, MS: Jornal do Povo, 04 maio 2013, p. 04.

SAINT-ADOLPHE, J. C. R. Milliet de. Diccionario Geographigo, Historico e Descriptivo do Império do Brazil. Odeon, Pariz: Typographia de Fain e Thunot (Aillaud), 1845.



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