Personalidades

04/08/1889

Vespasiano Barbosa Martins

Vespasiano Barbosa Martins

Thaís Martins

 

Vespasiano, filho de Henrique José Pires Martins e Marcelina Barbosa Martins, nasceu em 4 de agosto de 1889, na fazenda Campeiro, região da Vacaria, em Mato Grosso do Sul – então, município de Miranda, hoje município de Rio Brilhante.  

Tendo se interessado pelos estudos desde menino, seu pai matriculou-o no Colégio Diocesano Marista de Uberaba. Para levá-lo até lá organizou uma comitiva que conduzia 1.034 cabeças de gado. A viagem, iniciada em outubro de 1902, durou dois meses; foram junto seu irmão José Campeiro e seus primos João de Souza Barbosa e Henrique Barbosa Martins (MARTINS, 1989).

Em “Santa Rita de Cássia (...) a boiada é vendida à razão de 43.000 réis a cabeça” e o dinheiro destinado a financiar o estudo dos filhos. Nessa cidade, numa brincadeira com armas durante churrasco na casa de amigos, morreu seu irmão José. Passado o sofrimento inicial da perda, seguiram viagem a Uberaba, onde os três primos ficaram internos no Colégio Marista para terminarem seus estudos primários (MARTINS, op. cit.).

Em 1909, Vespasiano concluiu o ginásio no Colégio Salesiano São Gonçalo, de Cuiabá. No ano seguinte ingressou na Faculdade Medicina do Rio de Janeiro, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (MARTINS, op. cit.).

Ex-aluno de Miguel Couto, Vespasiano foi um grande clínico. As circunstâncias obrigaram-no a tornar-se cirurgião e para isso foi especializar-se em Berlim e Paris. Quando retornou ao Brasil, trabalhou no Hospital Alemão, em São Paulo; hoje, Hospital Osvaldo Cruz, do qual foi diretor cirurgião (MARTINS, op. cit.).

Vespasiano retornou a Campo Grande, em 1929, a chamado de amigos e companheiros políticos inquietos com os acontecimentos que culminaram na Revolução de 1930 (MARTINS, op. cit.).

Em 1931, foi nomeado prefeito de Campo Grande. Exercia seu mandato quando, em 1932, foi deflagrada a Revolução Constitucionalista. Apoiou iniciativas revolucionárias do Gen. Comandante Bertholdo Klinger, que exonerado deslocou-se para São Paulo, onde aliou-se a dirigentes paulistas e assumiu o papel de chefe militar do movimento de 1932 (MARTINS, 1989).

O sul do Estado, a partir de Campo Grande, mesmo sem o respaldo militar do General Klinger (...) proclamou-se constitucionalista e separado da parte norte, sediada em Cuiabá, esta fiel ao governo de Vargas.

Vespasiano Martins, aclamado governador do novo estado, deixou manifesto:

São Paulo levantou, mato-grossenses, o lábaro da guerra para salvar o Brasil. Nenhum mato-grossense válido pode fugir da luta redentora. Tivemos campanhas políticas inumeráveis, resoluções por nobres ideais. Nenhuma, porém, teve a magnitude, a nobreza, o ideal alevantado como esta – buscando extinguir um governo sem lei, para dar ao povo a sua Constituição, a sua lei sagrada. Meus concidadãos mato-grossenses! Nestes dias históricos é esta a palavra de ordem – às armas! Pela unidade da nossa Pátria! Pela unidade do Brasil! Pela segurança dos destinos da nossa nacionalidade. O coração, a vida pela salvação do Brasil. (MARTINS, 1989, p. 61).

 Na ocasião, o sul de Mato Grosso instituiu-se como uma nova unidade da federação denominada posteriormente estado de Maracaju, com capital sediada em Campo Grande, e uniu-se a São Paulo na luta contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas. .

 “Combateram em diversas frentes. Defendendo a penetração goiana, repelindo a descida das tropas cuiabanas, encurralando a infantaria e forças da marinha no perímetro de Ladário e Porto Murtinho” (DONATO, 2002).

Perdida a causa, o novo estado, que durou quase três meses, desapareceu do mapa. Vespasiano e seus companheiros exilaram-se no Paraguai, como registra Nelly Martins (1989, p. 63 ss.).

Em outubro de 1934, foi nomeado prefeito de Campo Grande tendo permanecido no cargo até setembro de 1935, quando foi eleito Senador da República, cargo que ocupou até 1937, ano em que ocorreu a dissolução do Congresso.

Vespasiano foi vítima de atentado político em Cuiabá em 22 de dezembro de 1936. O ato foi uma represália à organização da Aliança Mato-Grossense em oposição ao governo do estado (MARTINS, op. cit.). Em fevereiro de 1937, em discurso no Senado da República, Vespasiano Martins apontava “(...) indícios de responsabilidade do Governador de Mato Grosso, Mario Corrêa, na tentativa de assassinato contra o orador e o Senador João Vilasboas” (SENADO FEDERAL, Internet).

Em 1941, foi novamente nomeado Prefeito de Campo Grande e em 1945 foi eleito Senador. Por motivo de saúde, deixou o Congresso e a vida pública em 30 de janeiro de 1955, ao final de seu mandato. Um enfarte havia comprometido parte de seu coração (MARTINS, 1986). Faleceu em 14 de janeiro de 1965.

Vespasiano era homem alto, moreno, rosto largo. “Suas feições bem conformadas, tem qualquer semelhança com a onça pintada. Cabeça redonda, testa larga, olhos pequenos e apertados, dentes invejáveis. É o pajé da gargalhada, o rei do bisturi” (MARTINS, 1989).

Vespasiano foi casado com Celina Baís, filha de “... Bernardo Franco Baís, (...) italiano de Luca, primeiro prefeito eleito e primeiro juiz de paz de Campo Grande...” (MARTINS, 1989).  O casal teve quatro filhos: Célia, Nelly, Ruth, Hélio; onze netos e dezesseis bisnetos. Sua neta Celina Martins Jallad é Deputada Estadual em Mato Grosso do Sul há quatro legislaturas. Seus genros Wilson Barbosa Martins e Plínio Barbosa Martins tiveram importante papel político no estado. Wilson foi Prefeito de Campo Grande; duas vezes Deputado Federal; Senador; e duas vezes Governador de Mato Grosso do Sul. Plínio, por sua vez, foi Vereador; Prefeito de Campo Grande e duas vezes Deputado Federal. Ambos participaram da Assembléia Nacional Constituinte de 1987/1988, espelhando-se em Vespasiano, que se tornou “figura quase lendária no estado” (MARTINS, Hélio apud MARTINS, Nelly, 1989). Registre-se, ainda, que Vespasiano Martins é homenageado na letra do Hino de Mato Grosso do Sul:

 

Moldurados pelas serras,
Campos grandes: Vacaria,
Rememoram desbravadores,
Heróis, tanta galhardia!

 

Vespasiano, Camisão
E o tenente Antônio João,
Guaicurus, Ricardo Franco,
Glória e tradição!

 

Bibliografia                                              

DONATO, Hernani. História da revolução constitucionalista de 1932: comemoração aos 70 anos do evento. São Paulo: Instituição Brasileira de Difusão Cultural Ltda., 2002. Biblioteca de Estudos Brasileiros-22.

MARTINS, Nelly. Vespasiano, Meu Pai. 2. ed. Senado Federal: Brasília. 1989.

SENADO FEDERAL. Biografia dos Senadores e Pronunciamentos. Disponível em: < www.senado.gov.br>. Acesso em: jan. 2010.

SENADO FEDERAL. Períodos Legislativos da Terceira República – 1937-1946. Disponível em: <www.senado.gov.br>. Acesso em: 08 mar. 2010.

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