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COD.: Memórias Sul-mato-grossense

Taboco - 150 anos - Balaio de Recordações - Renato Ribeiro

Índice

Leitura obrigatória para quem quer conhecer o pantanal de Mato Grosso do Sul, sobretudo pela qualidade de sua escrita e informações. Uma história sobre o povoamento e construção da economia da região, além de descrever o modo de vida do homem pantaneiro que, um forte, enfrentou a hostilidade do meio ambiente, precariedade de meios de comunicação e uma guerra.





R$ 20,80

Sumário

pantanal histórico - 21
povoamento do pantanal - 29
fazenda Taboco. fundação - 43
Juca da Costa - 49
Mãe Nenê - 55
Coronel Jejé - 59
os indios - 65
1929 - 1935 - anos de crise - 75
viagens - 81
secas - 89
amansamento do gado - 95
divisão da fazenda em retiros - 103
coronel Joselito - 107
disputas políticas - 117
revoluções - 127
revolução de 1916 - Astúrio Lima - 131
compadre Luis - 139
valentias - 145
Japão Keizi Arimura - 147
Mecanização - 151
estudos - 153
avião - 157
animais selvagens - 165
fatos pitorescos - 171
hidrelética coronel Jejé - 183
créditos - 189
agradecimentos - 189

Errata – Livro Taboco – 150 anos - Balaio de recordações. Pagina 172

 

            Certa vez cheguei em um retiro e levei um livro para ler. Nele encontrei a explicação de que o suor de criança contem uma substância, o ergosterol, que em contato com os raios solares se transforma em vitamina D, a vitamina do crescimento. Assim, o conselho era de que não se devia manter a criança muito limpinha para não eliminar a futura vitamina D.

            Estava lendo esse trecho para o meu casal de empregados quando o marido interpelou a mulher: “Araci, você sabia disso¿” Ela, muito inocentemente, respondeu que não. Então ele disse: “Pensei que você já soubesse, porque nem os pés das crianças você lava, quanto mais a cara”.

            Quando comprei o primeiro rádio a bateria para o Taboco, lá por 1941, aquilo foi uma grande novidade. O pessoal vinha em casa ouvir o rádio. E havia lá no Retiro Mangabal uma boa senhora, já idosa, que gostava de tocar violão e cantar. Apesar da voz ser já um pouco rouca ela não se fazia de rogada para cantar nas reuniões do pessoal.

            Certo dia fui pousar lá no Retiro Mangabal e, depois do jantar, essa senhora pegou o violão e começou a cantar. Logo depois me interpelou: “O senhor tem me ouvido lá no Taboco¿”

Eu, simploriamente e assim meio atônito, respondi que não, que não a ouvia. Ela ficou decepcionada, com um ar triste e me disse: “Quase todas as noites pego meu violão e fico aqui no luar cantando até tarde pro senhor me ouvir lá no seu rádio”.

            Procurando melhorar seu desapontamento eu lhe falei que ouvia mesmo uma senhora cantar, mas o som do rádio não chegava muito claro e por isso não reconhecia a voz. Falhei-lhe que, quando cantasse, dissesse bem alto o seu nome para que eu soubesse quem estava cantando.

            Assim ela melhorou seu desapontamento. A coitada ignorava que havia uma estação transmissora...

            Trabalhou lá no Taboco comigo, um mineirinho de Pirapora, um homenzinho franzino, mas muito disposto, muito animado, dessas pessoas que não encontram dificuldades para qualquer serviço, por mais difícil que seja.

            Certa vez eu desejava fazer um corte em um barranco do rio para tirar água para um canal de irrigação e o Governador do Estado havia feito a promessa de nos mandar um trator para fazer esse serviço. Esse trator nunca vinha e bem nunca veio.

            Certo dia o Antoninho perguntou-me do trator e eu disse que estava esperando. Ele virou-se e disse que todo serviço só é duro antes de começar, mas, depois torna-se fácil. Que se eu lhe desse uns 15 homens ele faria o serviço. Assim o fizemos. Mandei contratar os homens e os entreguei a ele.

            E como estava de viagem marcada para Cuiabá, viajei e lá demorei 25 dias. Quando voltei, para minha surpresa encontrei o serviço feito e a água correndo! Nunca esqueci essa lição de coragem que recebi desse homem.

            Esse Antoninho foi por muitos anos o encarregado da turma da roça. Como tínhamos uma grande lavoura no Retirinho, a turma permanecia lá a semana toda. E a mulher que convivia com ele permanecia no Taboco.

            Certo dia ele foi avisado por um amigo ou por um intrigante que a sua mulher não procedia bem nas suas ausências. E esse rapaz, depois que soube, saia lá do Retirinho, três léguas, pantanal cheio, e vinha rondar a sua casa para ver se havia mesmo alguma irregularidade. Tinha a intenção de matar o seu rival. E voltava sempre pela madrugada.

            Naturalmente a vida do casal foi se deteriorando até ele resolver se separar.

            Num domingo em que estava com visitas em casa, chegou o Antoninho, muito nervoso, gago, dizendo que desejava falar comigo. Fui atende-lo e ele estava dizendo que ia largar a mulher porque ela não estava procedendo a altura, que brigavam muito, que não podiam mais conviver.

            Nesse instante chega a mulher: uma mulata forte, arrogante, que começou a desmenti-lo em voz alta, brigando ali na minha presença. Tive que ser enérgico com ela, dizendo que estava disposto a ouvir a todos, mas cada um na sua vez e com moderação e não com gritaria.

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