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Quantos movimentos têm a Terra?

Quantos movimentos têm a Terra? (Este artigo foi publicado por Arnaldo Rodrigues Menecozi em Climatologia, Campo Grande, MS: Uniderp, 2000. Caderno de Estudos n. 220).

 

A Terra e seus 14 movimentos[1]

Arnaldo Rodrigues Menecozi

Desde que nos lembramos do conteúdo sobre os movimentos da Terra, estudado na escola, fatalmente vamos afirmar que o nosso planeta possui dois movimentos: Rotação e Translação.

Para completar a informação, foi-nos ensinado que o movimento de Rotação é aquele em que a Terra realiza em torno do seu próprio eixo, num período de 24 horas, originando o dia e a noite. O movimento de Translação é executado pela Terra ao redor do Sol, durante 365 dias e 6 horas, ocasionando as estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. E a cada 4 anos temos um ano bissexto.

Se a Terra tem 14 movimentos, por que “estudamos” apenas esses dois mencionados?

Os conteúdos que envolvem o planeta Terra são estudados pelas áreas da Geografia e de Ciências, especialmente no ensino fundamental de hoje. Essas duas áreas precisam explicar determinados assuntos, como estações do ano, fotossíntese, reprodução dos vegetais, regime de chuvas, etc., etc. A compreensão desses conteúdos é possível, embora com algumas limitações, com os dois principais movimentos da Terra (Rotação e Translação), razão pela qual ficamos restritos a tão somente esses dois movimentos do Planeta!

No ensino médio, e em determinados cursos superiores, a Física vai se encarregar de pôr em evidência os demais movimentos, exatamente pelas características do seu objeto de estudo e de pesquisa. Vale ressaltar que todos os movimentos da Terra estão em harmonia no que diz respeito à dinâmica existente no planeta. Cada qual executa sua própria trajetória em uma interdependência que garante a existência da vida no planeta, tal qual conhecemos hoje.

1. MOVIMENTO DE ROTAÇÃO. As provas mais antigas da rotação terrestre datam do início do século XVII, quando Galileo Galilei pôde verificar do alto da torre inclinada de Pisa que os objetos deixados cair sob a ação da gravidade em vez de seguir rigorosamente a vertical do lugar, sofriam sempre um desvio para Leste. Repetidas, mais tarde, tais experiências por M. Resch, num dos poços de minas de Freiburg, na Alemanha, foram constatados resultados semelhantes que provam indubitavelmente o movimento da Terra. A direção dos ventos alísios de Nordeste e de Sudeste é outra prova da rotação terrestre. Se ela fosse imóvel, esses ventos, que sopram dos Trópicos para o Equador, teriam a direção Norte e Sul. As experiências mais notáveis sobre a rotação da Terra foram realizadas por Leon Foucault (1819-1868), em 1851. Pendurou sob a cúpula do Pantheon um gigantesco pêndulo constituído por um fio de aço medindo 64 metros de comprimento e uma esfera de cobre pesando 28 quilogramas, dotada na parte inferior de um estilete. Posto a funcionar este enorme pêndulo, em oscilações de 8 segundos de duração, começou o estilete colocado sob a esfera de cobre a traçar sobre um montículo de areia  olhada, bem na vertical, diferentes riscos distanciados uns dos outros em dois milímetros e meio. Ora, a Física ensina que o plano de oscilação dos pêndulos é absolutamente invariável, logo, a multiplicidade de riscos feitos pelo estilete na areia molhada ao passar pela vertical só poderia ser explicada através da rotação da Terra. Comprovado, portanto, o movimento de rotação da Terra, constata-se a sua importância na vida da Humanidade: os pontos cardeais; sucessão dos dias e das noites, regulando as horas de atividade e de repouso não só do homem, como dos animais e dos vegetais, através da fotossíntese, influindo, por isso, decisivamente, no aspecto das paisagens geográficas. Divide, ainda, a superfície da Terra em vinte e quatro fusos horários, estabelecendo a hora mundial. O movimento de rotação se dá em torno do eixo polar, produzindo a alternância entre o dia e a noite, que é o movimento de rotação em um período de 23h56m04s, girando de Ocidente para o Oriente. Com relação ao Sol, está a origem do dia claro e da noite, em um período de 24 horas. Pela esfericidade da Terra, a velocidade desse movimento será maior exatamente na faixa equatorial, sendo praticamente nula nos pólos. Na latitude próxima a Campo Grande, MS, (20º26’ S e 54º38’ W) a velocidade média do movimento de Rotação é de 1.600 km/h. Como calcular essa velocidade? É muito simples: a circunferência da Terra é de 40.110 km, distância esta que o nosso planeta executa em 24 horas. Então, é só dividir a distância pelo tempo (40.110/24) que obteremos a distância média na altura da linha do Equador de 1.671,25 km/h. Simples, não!

2. MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO. Ocorre no período de um ano, mais precisamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 48 segundos, quando o planeta dá uma volta em torno do Sol. Esse intervalo de tempo é chamado ano sideral. A trajetória descrita pela Terra no seu movimento de translação chama-se órbita e mede aproximadamente 930 milhões de quilômetros, sendo percorrida pelo planeta a uma velocidade média de 29,7 km/s ou 106.800 km/h. Para esse cálculo, encontra-se o total de segundos ou de horas durante um ano, cujo total será dividido por 930 milhões de quilômetros. A cada 4 anos temos um ano bissexto, exatamente quando o mês de fevereiro fica com 29 dias, sendo a soma das 6 horas/ano do período. Para se saber se qualquer ano é bissexto, é muito simples: se o número formado pelos dois últimos algarismos do referido ano for múltiplo de 4, este ano é bissexto. Exemplos: a) 1928. Os dois últimos algarismos formam o número 28, que é múltiplo de 4, logo o ano de 1928 foi bissexto; b) 1998. Por esta regra, é só calcular: o ano de 1998 não foi bissexto. E o último ano do milênio (2000) é bissexto? E 2008? 2020? Calcule que serão bissextos. E o ano do seu nascimento?

3. PRECESSÃO DOS EQUINÓCIOS. Movimento descoberto por Hiparco, astrônomo e matemático grego (século II a.C.), sendo um movimento que determina a variação da posição do eixo polar da Terra no espaço. O período desse movimento é de aproximadamente 26 mil anos.

4. NUTAÇÃO. O movimento é parecido com o anterior, porém em escala bem menor. Também se refere à variação do eixo polar terrestre conforme o movimento do planeta no espaço.

5. DESLOCAMENTO DO PERIÉLIO. Refere-se ao deslocamento da posição de mínima distância entre a Terra e o Sol.

6. OBLIQUIDADE DA ECLÍPTICA. Diz respeito à variação do ângulo entre o plano orbital da Terra e o Equador terrestre.

7. VARIAÇÃO DA EXCENTRICIDADE ORBITAL. Trata-se da alteração da órbita terrestre conforme o planeta se movimenta ao redor do Sol.

8. PERTURBAÇÕES PLANETÁRIAS. Esse movimento diz respeito às interferências gravitacionais sofridas pela Terra em seu movimento de translação, provocadas por outros planetas, principalmente Vênus e Júpiter.

9. MOVIMENTO DO CENTRO DE MASSA. O centro de massa do sistema, formado pela Terra e pela Lua, gira em torno do Sol, e a Terra e a Lua giram em torno desse centro.

10. CENTRO DE MASSA DO SISTEMA SOLAR. Os planetas giram em torno do centro de massa do Sistema Solar. Assim, o movimento translacional da Terra é em torno desse centro.

11. VARIAÇÃO DOS POLOS. Os pólos geográficos da Terra variam continuamente, segundo uma série de causas: deslocamento de placas tectônicas, correntes marítimas, marés, evaporação das águas oceânicas, erosão etc.

12. MARÉS. O deslocamento do mar, ora se expande, ora se contrai, devido ao movimento das marés provocadas pela força gravitacional da Lua e do Sol.

13. ROTAÇÃO DA GALÁXIA. A Via Láctea gira em torno do seu centro e, por conseguinte, o Sol e todos os corpos do Sistema Solar também se movimentam.

14. EXPANSÃO DO UNIVERSO. As galáxias se movem no espaço cósmico, assim como a Via Láctea, que leva consigo o Sol e sua família.

 

 

 

[1] MENECOZI, Arnaldo Rodrigues. Climatologia. Campo Grande, MS: Uniderp, 2000. Caderno de Estudos n. 220.



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